O fabuloso de agora em diante de Pedro Melo Alves

O baterista e compositor regressa aos seus dois projectos principais, Omniae Ensemble e The Rite of Trio, recuperando criações baseadas em pinturas de expressionismo abstracto ou em textos de Artaud. Para vincar em definitivo o seu lugar iluminado no jazz contemporâneo português.

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Renato Cruz Santos

Pedro Melo Alves demorou a encontrar o seu equilíbrio enquanto músico e compositor. Sobretudo enquanto músico que, devido a uma enorme e igualmente intensa panóplia de interesses, parecia, por vezes, sabotar o seu próprio percurso. Vindo, como quase sempre acontece, da escola informal do rock, os seus interesses começaram a desviá-lo, como tantas vezes acontece, para o território do jazz. Aquilo que já é menos vulgar é que este baterista sôfrego e omnívoro tenha depois acumulado os seus interesses naturais com o estudo de composição na Escola Superior de Música, dedicando-se mais a fundo à música erudita, ao mesmo tempo que descobria e integrava as cenas de música improvisada e de música experimental lisboetas. A receita, na verdade, parecia preparada cuidadosamente para o conduzir ao desastre — demasiados interesses em alegre convívio canibal, abocanhando-se mutuamente e favorecendo que Melo Alves passasse mais tempo a tropeçar nos seus próprios passos do que a avançar, de facto, nalguma direcção concreta.

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