Afinal, não haverá público na última jornada da Liga de futebol

Recuo foi confirmado nesta segunda-feira pela direcção da Liga, que lamenta ausência de enquadramento, de tempo e a iniquidade que o plano em causa iria promover.

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EDUARDO COSTA

Prosseguem os avanços e recuos em torno de um potencial regresso do público aos estádios ainda nesta temporada. Depois do anúncio de que a última jornada do campeonato contaria com espectadores nas bancadas, nesta segunda-feira a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) vem deitar por terra esse cenário. Porquê? Porque entende que “não estão reunidas todas as condições de equidade” e e que o modus operandi sugerido pelas autoridades não foi definido atempadamente.

Foi num encontro de carácter extraordinário que a direcção do organismo que tutela o futebol profissional decidiu travar os testes-piloto que estavam na calha. A justificação, sustenta, prende-se com a ausência de um plano concreto que fosse transversal a todos os jogos que estão agendados para terça-feira e quarta-feira e que assinalam o fim da Liga 2020-21.

“Na incerteza, que permanece, sobre as condições que as autoridades de saúde poderão vir a fixar, seria impossível preparar um plano de implementação a um dia da realização dos jogos. A esta ponderosa razão acresce a circunstância de, ao contrário do defendido pela Liga Portugal, a penúltima jornada não ter tido público nos estádios. Ora, com diversos objectivos desportivos ainda em aberto, permitir que apenas uma parte das equipas pudesse ter o seu público presente nesta jornada decisiva constituiria uma grave entorse à verdade desportiva e à equidade entre os competidores”, argumenta o elenco liderado por Pedro Proença. 

Em causa está o facto de, no plano de intenções da LPFP, e no pedido que foi feito ao Governo, ter sido previsto o regresso parcial e controlado de adeptos aos estádios nas duas últimas jornadas do campeonato. Jornadas em que se definia a esmagadora maioria dos objectivos desportivos em causa, já que o Sporting conseguiu confirmar o título nacional ainda antes do derby com o Benfica. Nesse sentido, e não tendo avançado essa vontade, entende a direcção do organismo que poderia estar a haver uma diferença de tratamento.

Deixando críticas ao formato escolhido para a abertura parcial das portas dos recintos, a direcção da LPFP condena também o facto de terem sido apenas autorizados testes-piloto (depois de já terem sido levados a cabo noutros momentos, em particular nos Açores) e barrado o acesso aos visitantes. “Circunscrever a presença de adeptos aos visitados não é concebível e arriscaria constituir uma entorse à igualdade de oportunidades competitiva, em favor de metade das em contenda e em prejuízo das demais”, sublinha, em comunicado. 

De resto, revela Pedro Proença, a LPFP insistiu, na passada quinta-feira, junto da Direcção-Geral da Saúde (DGS), para que esta autorização fosse alargada à jornada que ontem terminou. E não só o pedido não foi atendido como, um dia depois, data da publicação de nova resolução do Conselho de Ministros, na qual se estabelecem as regras da declaração de calamidade, não foi plasmada no diploma a autorização para a presença de adeptos na última jornada.

“Em nenhures da referida resolução se vislumbra a autorização para a realização de testes-piloto com público, nos estádios da Liga Nos ou outros, e, na verdade, até ao presente momento, a DGS não remeteu o parecer solicitado e acima identificado”, aponta a LPFP, explicando que, “ainda que a tutela e a DGS formalizem a autorização que se solicitou há uma semana, o prazo de 48 ou menos horas para ajustar a organização dos jogos às regras que ainda se desconhecem não é consentâneo com a exigência operacional que o futebol profissional se impõe”.

Assim, e porque entende “não estarem reunidas as condições de segurança, de equidade e logísticas para a realização de testes-piloto com público na última jornada da Liga”, a direcção do organismo decidiu travar essa intenção e negociar com a tutela um regresso do público dentro da maior normalidade possível no arranque da próxima temporada.

Até lá, desenrolar-se-á a final da Taça de Portugal, no dia 23, também de bancadas vazias em Coimbra, ao contrário do que irá acontecer uma semana depois no Porto. Em circunstâncias diferentes, numa prova tutelada pela UEFA, um organismo supranacional, está prevista a realização da final da Liga dos Campeões, a 29 de Maio, com 12.000 adeptos ingleses nas bancadas do Estádio do Dragão. 

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