A Fórmula 1 está de regresso com a promessa de maior equilíbrio e emoção

Red Bull poderá tornar-se uma dor de cabeça mais aguda para a Mercedes. McLaren tem vindo a mostrar rapidez nos testes.

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Lewis Hamilton, campeão em título, a acelerar no asfalto de Sakhir, durante os treinos livres LUSA/VALDRIN XHEMAJ

Com Portugal confirmado como terceira etapa entre os 23 Grandes Prémios de 2021, a Fórmula 1 está de regresso neste fim-de-semana - num ano que antecede a entrada em vigor dos novos regulamentos para 2022 - a prometer novas oportunidades e um enorme desafio para a Mercedes e para Lewis Hamilton. Uma aliança quase invencível e empenhada em manter uma hegemonia que poderá converter-se em números verdadeiramente históricos, com a marca germânica e o piloto britânico em perseguição de novos recordes, em especial do inédito oitavo título mundial.

A abertura de temporada, no Bahrein, onde os recentes testes sugerem um maior equilíbrio - com os Red Bull declaradamente ao ataque e os McLaren igualmente rápidos -, será de suma importância para contextualizar tendências e traçar um cenário competitivo menos especulativo. Os treinos livres parecem confirmar uma temporada menos monótona, com o pelotão mais compacto e próximo de uma Mercedes a ajustar-se à ideia de uma nova realidade.

Lewis Hamilton, que nos dois últimos anos venceu o Grande Prémio do Bahrein, surge pressionado pelo desempenho de Max Verstappen, tanto nos testes como nos treinos livres. O holandês parte em busca do primeiro título de campeão mundial num ano em que terá de estar atento ao mexicano Sergio Pérez, novo reforço da Red Bull e ameaça “interna”, embora nestes primeiros dias a rodar a meio do pelotão. 

Dupla elogiada por Hamilton, que pressente maiores dificuldades e assume que os argumentos da concorrência podem proporcionar um campeonato mais divertido, enquanto garante ser extemporâneo falar-se no seu último Mundial.

Do mesmo modo, o piloto britânico não deverá descurar a ambição do companheiro Valtteri Bottas, que se apresenta no Bahrein motivado para, pelo terceiro ano consecutivo, vencer a prova inaugural do campeonato - o que seria uma novidade no circuito de Sakhir, onde nunca terminou em primeiro. Depois dos problemas com a caixa e com o vento, sentidos a meio de Março, no Bahrein, a Mercedes, que garantiu mais um ano de contrato com o campeão dos campeões em actividade, sabe que não possui a mesma margem para errar.

A este quarteto, com assento nas duas equipas dominantes da modalidade desde 2010 - com sete títulos consecutivos da Mercedes depois de três da Red Bull -, pode associar-se um segundo degrau de pilotos com provas dadas, “donos” de monolugares capazes de provocar algumas interferências na frente da corrida. Desde logo o bicampeão mundial Fernando Alonso, que regressa à F1 e à Renault (agora Alpine), depois de um desvio de dois anos em que correu as 24 Horas de Le Mans, o Mundial de Resistência ou as 500 milhas de Indianápolis. O espanhol tem, de resto, três vitórias no Bahrein, onde saberá até que ponto a fractura do maxilar será um problema na corrida.

Mas também o australiano Daniel Ricciardo, agora na McLaren, ou o alemão Sebastian Vettel, ao comando da regressada Aston Martin, poderão chegar-se à frente, sem ignorar a possibilidade de voltar a haver uma Ferrari competitiva a discutir os primeiros lugares, formando, juntamente com a AlphaTauri, um segundo pelotão de respeito. Neste grupo, destaca-se o quatro vezes campeão do mundo Sebastian Vettel, com uma prestação modesta nos primeiros ensaios da época e cada vez com menor margem de manobra depois do declínio iniciado na Ferrari.

Um alinhamento confirmado pela primeira aparição em público dos novos bólides, com os Mercedes a enfrentarem inesperadas dificuldades. E se, como afirmou Max Verstappen, subestimar a escuderia alemã seria o primeiro passo para uma derrota certa, convém não ignorar as três equipas que todos esperam ver ocupar a cauda do pelotão.  

Alfa Romeo, Haas e Williams podem não ser as mais fortes, mas as surpresas fazem parte da Fórmula 1 e se a Williams (apesar do sexto melhor tempo de George Russell nos testes, em Sakhir) parece rápida, depois de três anos consecutivos no último lugar do Mundial de construtores, continua a debater-se com problemas como a susceptibilidade aos ventos. 

Já os Alfa Romeo e Kimi Räikkonën, em particular, estiveram em bom plano nos últimos testes, com o finlandês a registar o quarto melhor tempo, à frente de Hamilton e apenas batido por Verstappen, pelo estreante e surpreendente Yuki Tsunoda (AlphaTauri) e pelo Ferrari de Carlos Sainz. Tsunoda continua a atrair atenções, apresentando tempos mais rápidos do que os do colega de equipa, Pierre Gasly. Os outros estreantes, Nikita Mazepin e Mick Schumacher, da Haas, estão também sob escrutínio, mas em posições de menor destaque. 

Com o aproximar da corrida, porém, nomes como Lando Norris (McLaren) e Carlos Sainz (Ferrari) surgem entre os primeiros, enquanto Räikkönen foi o primeiro azarado a embater nas barreiras.

Com um clima imprevisível, sobretudo no que diz respeito às tempestades de areia, o arranque do novo Mundial de Fórmula 1, com mais seis Grandes Prémios do que o anterior, será, seguramente, um dos momentos mais esperados pelos amantes da modalidade. A expectativa é enorme e só, conforme sublinha Alonso, quando todos os pilotos se apresentarem com os carros “programados” para a competição a sério, com os pneus mais rápidos, pouco combustível e potência máxima, se saberá quem será realmente mais rápido.

Sem as jornadas duplas impostas pela pandemia e com a normalidade possível a instalar-se, apesar de a presença de público em determinadas provas continuar a ser uma incógnita, o Mundial de 2021 oferece ainda a estreia da Arábia Saudita no calendário, com o circuito citadino de Jeddah, sobre o mar Vermelho, a orgulhar-se de ser o mais rápido do mundo.

 

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