Incidência desce em todo o país, mas há mais de 30 concelhos que registam subidas

De acordo com o mapa apresentado por André Peralta Santos, na reunião no Infarmed, são mais de três dezenas os municípios que registaram um crescimento igual ou superior a 30 novos casos por 100 mil habitantes entre 14 e 20 de Março.

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A maior incidência da doença tem acontecido na faixa etária entre os 20 e os 30 anos, verificando-se uma “redução acentuada no grupo da população mais sénior” Paulo Pimenta

A incidência cumulativa a 14 dias da covid-19 em Portugal fixou-se em 79 casos por 100 mil habitantes, observando-se “uma manutenção da tendência de descida” em todo o território nacional, segundo explicou André Peralta Santos, da Direcção-Geral da Saúde, na reunião desta terça-feira no Infarmed.

Segundo o especialista, “já são poucos os municípios” com uma incidência superior ao limite (de 120 casos por 100 mil habitantes) da zona de conforto estabelecido pelo Governo para desconfinar o país. Os concelhos acima deste limite estão “um pouco dispersos por todo o território, mas sem ocuparem áreas de grande densidade populacional como a zona do Grande Porto e Grande Lisboa”.

Contudo, no que diz respeito à variação da incidência, entre 14 e 20 de Março, mais de 30 municípios registaram um crescimento igual ou superior a 30 novos casos por 100 mil habitantes no período em análise. De acordo com o mapa apresentado por André Peralta Santos, são eles Viana do Castelo, Ponte da Barca, Ribeira de Pena, Valpaços, Freixo de Espada à Cinta, Cinfães, Vale de Cambra, Figueira de Castelo Rodrigo, Penalva do Castelo, Estarreja, Belmonte, Arganil, Carregal do Sal, Figueiró dos Vinhos, Soure, Marinha Grande, Nisa, Portalegre, Arronches, Campo Maior, Vendas Novas, Borba, Reguengos de Monsaraz, Moura, Cuba, Sines, Odemira, Portimão, Machico, Ribeira Brava e Ponta Delgada.

A maior incidência da doença tem acontecido na faixa etária entre os 20 e os 30 anos, verificando-se uma “redução acentuada no grupo da população mais sénior”, revelou, por sua vez, Baltazar Nunes, epidemiologista do Instituto Ricardo Jorge. Contudo, os contactos na faixa etária de 70 ou mais anos têm aumentado nas últimas semanas.

De acordo com o epidemiologista, o índice médio de transmissibilidade (Rt) é agora de 0,89, de acordo com a média a cinco dias. Na última reunião no Infarmed, era de 0,74, o que denota um crescimento. Contudo, todas as regiões do continente estão com um Rt inferior a 1, mantendo-se a verde na matriz de risco estipulada pelo Governo, com excepção dos Açores. Na Madeira ainda não é possível fazer essa estimativa.

Já Henrique de Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, explicou que globalmente, e de acordo com os dados da Direcção-Geral da Saúde, a letalidade entre os casos diagnosticados tem permanecido à volta de 2%.

Porém, este valor varia de acordo com os momentos da evolução da pandemia, as regiões, a idade e o género. Em termos globais, a letalidade ronda os 1,95%, passando para 1,7% nas mulheres e 2,27% nos homens.

Este risco também aumenta com a idade, variando para valores acima de 20% na faixa etária dos 90 e mais anos e para valores acima dos 12% na faixa etária dos 80 aos 89 anos.

Além disso, os especialistas acreditam que haja cerca de três vezes mais casos de infecção do que aqueles que são diagnosticados, pelo que a letalidade em Portugal poderá rondar, na verdade, os 0,7%.

Há também uma “grande variação” entre as regiões, verificando-se um menor risco de morrer na região autónoma da Madeira. “Se assumirmos a região Norte como o risco de base para comparação, vemos que o Centro, Lisboa e Vale do Tejo, o Alentejo e o Algarve têm valores mais altos. Pelo contrário, a Madeira tem cerca de metade do risco de morrer comparado com o Norte do país”, disse Henrique de Barros.

Os meses em que a letalidade foi mais alta foram Março e Abril do ano passado. Depois, este indicador começou a diminuir “rapidamente”, tendo registado novamente valores mais altos em Dezembro e Janeiro.

Henrique de Barros notou ainda que, em particular no Norte do país, “a evolução da infecção quer nas crianças quer nos adultos teve um curso completamente independente da abertura das escolas”, o que o levou a concluir que “as crianças não parecem ter um papel relevante no risco de infecção nas famílias” e que “as medidas de mitigação no ambiente escolar funcionam e fazem com que a actividade lectiva seja segura”.

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