Surf refuta críticas por ter recomendado paragem de aulas

Ao contrário do que aconteceu nos restantes desportos individuais, como o ténis, o padel ou o golfe, no surf a actividade nas escolas está parada desde a semana passada.

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As aulas de surf foram suspensas na semana passada Paulo Pimenta

As medidas anunciadas pelo Governo de combate à pandemia na semana passada voltaram a ter impacto no desporto, mas, durante cinco dias, as modalidades individuais pareceram pouco afectadas. Numa primeira fase, algumas federações, como as de ténis, de padel ou de golfe, restringiram apenas a prática da modalidade em recintos fechados, mantendo todas as actividades ao ar livre. Em contraciclo, a Federação Portuguesa de Surf (FPS) recomendou a suspensão das aulas. No dia em que entra em vigor o reforço das medidas de confinamento, que obriga ao encerramento dos equipamentos desportivos, João Aranha, presidente da FPS, sublinha que se limitou a “cumprir a lei”.

Quando o Governo anunciou na semana passada as medidas para o segundo confinamento, o impacto para os praticantes de desportos como o ténis, o golfe ou o padel foi reduzido. Excluindo os clubes que têm apenas recintos fechados, foi possível continuar a ter aulas e a praticar as modalidades ao ar livre. No surf, no entanto, o entendimento foi diferente.

Desde a semana passada, que as aulas foram suspensas e João Aranha, presidente da FPS, diz agora que se limitou a seguir as recomendações da tutela. “Assim que foi publicada a legislação, e tendo em conta as imensas dúvidas que haviam sido suscitadas, tivemos a preocupação de contactar imediatamente o Governo, no sentido de perceber, em termos claros, o que é que era permitido em termos de actividade individual, mas também em termos de actividade das nossas escolas”, refere João Aranha.

Em declarações ao PÚBLICO, o dirigente federativo diz que registou “as críticas que foram dirigidas por pessoas descontentes”, mas esclarece que a “FPS não tem o poder de impedir ou proibir, apenas procurou esclarecimentos junto da tutela que lhe permitissem aconselhar da melhor forma os seus associados”.

“Desde o primeiro contacto, o Governo foi claro na forma como nos transmitiu a sua interpretação, agora confirmada e aceite por todas as federações. É evidente que a FPS compreendeu que a posição que tomou era duríssima para as escolas, porque implicava a paragem da sua actividade.”

Salientando que “a maioria das escolas teve um comportamento exemplar e cívico”, Aranha aceita “as críticas” à actuação da FPS “num contexto muito difícil”. “Compreendemos que as pessoas queiram lutar pela sua sobrevivência económica. A Associação de Escolas de Surf de Portugal (AESDP) assumiu, num primeiro momento, uma posição alinhada com as de outras federações. Fomos mantendo contacto, e registo que em todo o processo, a AESDP manteve sempre uma posição clara: que recomendaria o cumprimento da lei. Foi numa lógica de cooperação que, em conjunto com a AESDP, procurámos esclarecimentos, que resultaram na interpretação agora geralmente aceite.”

A terminar, João Aranha alerta que há “milhares de famílias a viverem do surf” e adianta que já questionou “o Governo sobre o tipo de apoios” que a modalidade pode receber: “Acredito que nos vão responder com as informações necessárias. A nível futuro vamos perder muitos atletas. Há muitos miúdos que não vão fazer desporto durante mais de um ano.”

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