Muitos milhões depois, o PSG chegou ao palco que ambicionava

Quase uma década depois de ter sido adquirido pela Qatar Sports Investment, o clube de Paris apurou-se pela primeira vez para a final da Liga dos Campeões.

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LUSA/Manu Fernandez / POOL

A história começou no Verão de 2011, quando o emir Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani, do Qatar, um dos homens mais ricos do mundo, aplicou uma fracção da fortuna do seu país num clube de futebol, mas apenas nove anos e muitos milhões depois, o Paris Saint-Germain chegou ao palco que tanto ambicionava. Num duelo entre técnicos alemães, Thomas Tuchel ganhou o confronto com Julian Nagelsmann e, de forma clara, os parisienses garantiram em Lisboa um lugar na final da Liga dos Campeões. Com golos de Marquinhos, Di María e Bernat, o campeão francês derrotou o RB Leipzig (0-3) e vai defrontar, no domingo, o vencedor da meia-final entre Bayern e Lyon.

Quando, em Maio de 2011, foi anunciado que a Qatar Investment Authority ia adquirir 70% das acções do PSG, o clube de Paris tinha no currículo dois títulos franceses (1986 e 1994), uma presença numa meia-final da Taça dos Campeões Europeus (1995), muitas dívidas e pouco crédito junto da sociedade parisiense. No entanto, o primeiro cheque de Nasser Al-Khelaifi, o indigitado presidente do clube, não deixou dúvidas sobre as ambições árabes: na primeira época, foram gastos 100 milhões em reforços.

Sem surpresas, desde 2011-12 a luta pelo título em França passou a ser uma corrida sem história — a conquista da Ligue 1 pelo Mónaco, de Leonardo Jardim, foi a excepção que confirma a regra —, mas para os investidores do Qatar o alvo nunca foi escondido: o objectivo era chegar ao topo do futebol europeu. Mais de mil milhões de euros depois gastos em reforços, o PSG nunca esteve tão perto de transformar a fama em sucesso.

Seis dias depois de sofrer para ultrapassar a competência da Atalanta, Tuchel abordou o confronto com o clube do seu país com uma estratégia diferente. Sem Di María (castigado) e com Mbappé limitado fisicamente (jogou 30 minutos), o ataque do PSG formado por Neymar e Icardi foi anulado pelo clube de Bérgamo, e, por isso, Tuchel abdicou do argentino, colocando Neymar como falso “9”, Di María na direita e Mbappé na esquerda. A estratégia resultou.

De regresso ao Estádio da Luz, onde há 11 meses tinha iniciado a campanha europeia com um triunfo frente ao Benfica, Nagelsmann foi mais previsível. Com fama de alterar com regularidade os seus sistemas tácticos, o mais jovem treinador (33 anos) a marcar presença numa meia-final da Champions apostou no desenho mais habitual: 4x1x4x1 a defender; 3x5x2 a atacar. A mobilidade do ataque francês revelou-se, no entanto, fatal para a estratégia alemã.

Fazendo pressão alta, o PSG conseguiu impedir que o RB Leipzig repetisse a boa exibição dos “quartos” frente ao Atlético, em que teve posse e espaço para transições, colocando ainda pressão nos defesas alemães que, embora fortes fisicamente, revelam limitações técnicas. 

Superior desde o início, o PSG deixou o primeiro aviso logo aos 4’ (Neymar acertou no poste), mas cerca de dez minutos depois chegou o primeiro golo: após um livre de Di María, Marquinhos, de cabeça, voltou a marcar — o brasileiro fez também um contra a Atalanta. 

Com uma atitude positiva, o RB Leipzig reagia de forma tímida (Poulsen teve uma boa oportunidade aos 25’), mas a superioridade do PSG era óbvia e, antes do intervalo, mais uma perda de bola da defesa alemã foi aproveitada por Di María, que marcou no regresso à Luz. 

Ao intervalo, Nagelsmann surpreendeu ao substituir dois dos seus jogadores mais talentosos (Olmo e Nkunku), mas no ataque os alemães provocaram pouca mossa e, na defesa, os erros continuaram: Bernat aproveitou um deslize de Mukiele para fazer o 0-3.

Com um terço do duelo ainda por disputar e jogando como uma verdadeira equipa, o PSG garantia, de forma justa, o lugar no palco que tanto procurava. Segue-se o Bayern ou uma inédita final 100% francesa. 

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