Covid-19. Uma morte e 132 novos casos. Mora e Montemor-o-Novo preocupam autoridades

A única morte registada esta segunda-feira aconteceu em Lisboa e Vale do Tejo. Há dois surtos identificados no Alentejo: um em Mora, com 42 casos confirmados e mais de 300 testes feitos e outro em Montemor-o-Novo, com 24 casos identificados e 225 testes, que “aparentemente está relacionado” com o primeiro. A DGS conta 12.655 casos activos e acrescenta que há 39.800 recuperados, mais 103 do que no domingo.

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DIOGO VENTURA

Portugal regista, esta segunda-feira, mais uma morte por covid-19, o equivalente a um aumento de 0,1% em 24 horas. Registaram-se 132 novos casos de infecção, um aumento de 0,2% face aos números de domingo. No total, há 12.655 casos activos, mais 28 do que no dia anterior. Os dados foram divulgados esta segunda-feira, no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), actualizado diariamente.

Desde Março, já se contabilizaram 1779 óbitos e 54.234 casos positivos de infecção. A taxa de letalidade global da doença é actualmente de 3,3%, de acordo com o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, subindo para 15,6% acima dos 70 anos.​

Há 39.800 recuperados, mais 103 do que no domingo. E contam-se ainda 336 pessoas internadas (mais 11 do que no dia anterior), 39 das quais em unidades de cuidados intensivos. Na conferência de imprensa desta segunda-feira, António Lacerda Sales informou que 97,3% dos casos activos encontram-se a recuperar no domicílio e 2,7% dos casos estão internados, dos quais 0,3% em unidades de cuidados intensivos e 2,4% em enfermaria.

A região que mais novos casos registou nas últimas 24 horas foi Lisboa e Vale do Tejo, com 66 novas infecções pelo novo coronavírus — metade dos 132 casos identificados em Portugal no último dia. A única morte registada esta segunda-feira aconteceu nessa região. A segunda região com o maior número de novos casos é o Norte, com 41 novos casos, seguida do Alentejo, com 13 novos casos. No Centro registaram-se seis novos casos, no Algarve cinco e nos Açores um. A Madeira não tem novos casos a reportar.

Analisando os dados sobre a evolução da pandemia por concelho, observa-se que Sintra registou 132 novos casos numa semana, Lisboa tem 131 novos casos e Vila do Conde, 81. Estas são os três concelhos que mais novos casos registaram desde a última actualização destes dados, na última segunda-feira. 

Surto de Mora é “complexo”. Novo surto identificado em Montemor-o-Novo

O número de casos confirmados no surto em Mora, no distrito de Évora, subiu para 42 esta segunda-feira, mas este é um número que ainda pode subir. “É um surto complexo porque tem mais de 300 pessoas potencialmente envolvidas. A maior parte já foi testada”, afirmou a directora-geral da Saúde.

Segundo Graça Freitas, “a origem e cadeias de transmissão estão ainda sob investigação”. De acordo com a agência Lusa, estão internados no hospital em Évora quatro doentes, dois deles em cuidados intensivos.

Este surto surgiu no dia 9, quando foram confirmados os primeiros três casos positivos na comunidade. O número foi subindo todos os dias, à medida que foram sendo testados os contactos de pessoas infectadas.

Graça Freitas revelou ainda que há também outro surto com 24 casos identificados em Montemor-o-Novo, na freguesia de Ciborro, que “aparentemente está relacionado” com o surto de Mora. Já foram realizados 225 testes relacionados com este segundo foco. Porém, notou, “só quando as investigações terminarem é que poderemos reconstituir as cadeias de transmissão”.

Surtos no Norte têm “origem familiar e social”

Sobre a região Norte, a directora-geral da Saúde começou por lembrar que, quando a pandemia começou em Portugal, esta foi a região “mais precocemente e intensamente afectada”, tendo ultrapassado depois um período de acalmia (sobretudo quando comparado com a região de Lisboa). “Mas [a região Norte] nunca deixou de ter casos. Esses casos tinham um padrão que foi, durante algum tempo, disperso, casos isolados e que foram sempre acompanhados pelas autoridades de saúde”, disse.

“Neste momento, existem surtos. O concelho de Vila do Conde tem sido um concelho particularmente afectado. Estes são surtos de origem familiar e social”, afirmou Graça Freitas. “Chamo à atenção das famílias porque é muito fácil o convívio familiar e nesse convívio termos algumas distracções que podem levar a contágio. Mesmo sendo da mesma família, temos núcleos diferentes e quando nos encontramos basta uma dessas bolhas ter um caso infectado que pode propagar”, alertou.

A directora-geral da Saúde destacou ainda que “foi criado, desde muito cedo, um gabinete de crise coordenado entre a ARS, o departamento de saúde pública e as autoridades de saúde” da região Norte, que “já utiliza métodos muito semelhantes àqueles que foram utilizados em Lisboa”. “Tem toda a experiência acumulada e cremos que irá controlar estes surtos mais recentes”, concluiu.

Setenta lares com casos positivos em Portugal

António Lacerda Sales afirmou que há pelo menos 70 lares com casos confirmados de infecção, mas garantiu que “a situação nos lares continua a ser acompanhada pelo Ministério da Saúde com atenção, apesar de a tendência continuar a ser de diminuição das infecções nestes estabelecimentos”.

“Temos hoje 70 estruturas residenciais para idosos com casos de infecção por SARS-CoV-2, ou seja, menos de 3% num universo total, com 542 utentes e 207 funcionários positivos. O que podemos garantir é que a experiência tem levado a melhorias”, afirmou o governante. No Alentejo, segundo o secretário de Estado da Saúde, foram visitadas 261 de 283 estruturas para idosos, “tendo sido elaborados relatórios com as inconformidades detectadas”.

Esta é uma “situação que se verifica no resto do país, onde os lares têm recebido equipas mistas da Segurança Social, das autoridades de saúde e da Protecção Civil para verificar a implementação das medidas”, acrescentou.

“Temos consciência perfeita de que tem havido uma diminuição da actividade assistencial”

“Temos a consciência perfeita de que tem havido uma diminuição da actividade assistencial”, reconheceu o secretário de Estado da Saúde, referindo-se aos atrasos nas cirurgias, noticiados esta segunda-feira pelo PÚBLICO. Trata-se, admitiu, de um retrocesso face “trajecto muito favorável” que estava a ser feito antes da pandemia de covid-19. “Em Fevereiro, nós tínhamos recuperado mais de 10% da cirurgia programada e mais de 27% da cirurgia de ambulatório”, afirmou António Lacerda Sales. “Um trajecto muito positivo” que foi interrompido pelo novo coronavírus.

O secretário de Estado referiu ainda que, em finais de Julho, foram assinados os contratos-programa com os hospitais e que há um compromisso de uma “actividade assistencial mais alargada, com horários mais alargados”, incluindo ao fim-de-semana.

Entre 1 de Janeiro e 31 de Julho foram emitidos mais de 143 mil vales cirúrgicos, cerca de 15% a mais em relação ao ano anterior, sendo que em relação à “recepção por parte dos doentes houve uma diminuição de cerca de 16%”.

“Estamos a fazer de tudo para que se possa recuperar esta actividade assistencial”, garantiu Lacerda Sales, destacando também “a criação de incentivos ao nível do Orçamento Suplementar, nomeadamente com a questão de pagamento adicional de consultas e ao nível das cirurgias”. “Numa acção conjugada com o nosso plano para o Outono/Inverno, contemplamos não só a actividade covid como a actividade não-covid e estamos muito empenhados em reverter essa actividade assistencial”, acrescentou.

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