PCP sem “ilusões” quanto ao PEES, mas regista “aproximações”

Jerónimo de Sousa considerou que medidas de curto prazo previstas pelo Governo são insuficientes para para conter a crise.

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O secretário-geral do PCP regista a "aproximação" do Governo a algumas propostas do PCP LUSA/MÁRIO CRUZ

O líder do PCP admitiu este domingo que não tem ilusões quanto à eficácia no “curto prazo” para do plano do Governo para responder à crise causada pela pandemia da covid-19, atacou “insuficiências”, mas registou “aproximações” dos socialistas.

Jerónimo de Sousa escolheu o regresso do partido aos comícios, em Lisboa, no parque Eduardo VII, para fazer uma crítica severa ao Programa de Estabilização Económica e Social (PEES), por nada prever, por exemplo, quanto à proibição dos despedimentos.

“Ficou aquém na resposta que se exigia para combater o vírus do crescimento do desemprego. Desde logo não assumindo a proibição de despedimentos neste período, nem a reposição dos vínculos de todos os trabalhadores entretanto despedidos”, afirmou, num discurso de 30 minutos a algumas centenas de pessoas, num comício em que os militantes, grande parte deles com máscara, ficaram a alguma distância uns dos outros.

Jerónimo de Sousa mostrou-se céptico quanto ao PEES, embora nada tenha dito quanto a um sentido de voto dos comunistas no Parlamento sobre o Orçamento Suplementar, que é apresentado esta semana.

“Não temos ilusões em relação à eficácia do Programa de Estabilização com as suas insuficientes medidas de curto prazo, para conter e impedir no imediato os previsíveis perigos que estão presentes na realidade portuguesa”, admitiu.

E deu depois os exemplos das áreas em que acreditar que dê resposta: “Os riscos das falências, a redução significativa do poder de compra da população e evitar os seus impactos negativos no plano social e económico, as limitações nos serviços públicos que impedem a resposta que seria agora exigida e necessária; os processos de ainda maior concentração e centralização de capital.”

O líder comunista registou uma aproximação do executivo de António Costa “em relação a propostas” do partido, “como a do aumento da proporção do salário pago em situação de layoff” ou “a suspensão do Pagamento por Conta para as Micro, Pequenas e Médias Empresas, como o apoio aos sócios-gerentes” ou ainda na “melhoria das condições de acesso ao subsídio social de desemprego e ao RSI”.

Ou ainda na proposta de criar “uma prestação social de apoio extraordinária de 438 euros a todos aqueles que ficaram sem qualquer meio de subsistência e não têm resposta nos apoios actuais”.

“Indo ao encontro da nossa iniciativa, o Governo acolheu-a para os trabalhadores independentes, mas deixou muitos trabalhadores de fora, alguns com vínculos de trabalho atípico e sem solução”, referiu, prometendo que o PCP vai “continuar a lutar para garantir a sua aplicação de forma ampla”.

Apesar das críticas e de reconhecer as “aproximações” ao PCP quanto ao PEES, que servirá de base ao Orçamento Suplementar, que esta semana será entregue no Parlamento, Jerónimo de Sousa nada disse sobre a posição dos comunistas quanto ao documento.

Na sexta-feira, no Parlamento, o PCP remeteu para mais tarde uma posição sobre o orçamento.

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