Em Peniche dão-se títulos e viagens a Tóquio

Inicia-se nesta quarta-feira, nos Supertubos, a etapa portuguesa do circuito mundial de surf, que pode decidir novos campeões e dar vagas na estreia olímpica da modalidade em 2020.

Foto
Os melhores do surf mundial estarão em Peniche Nuno Ferreira Monteiro

Para quem não tem estado atento, Portugal é um destino de surf. E não há melhor indicador disto do que o facto de ser palco de uma das 11 etapas do principal circuito da modalidade desde 2009. A partir desta quarta-feira, a elite do surf mundial entra nas águas da praia dos Supertubos, em Peniche, para a 10.º etapa masculina (nona do circuito feminino) do World Surf League (WSL) Championship Tour (CT), podendo já decidir-se no mar português os campeões de 2019. O brasileiro Gabriel Medina e a havaiana Carissa Moore podem acrescentar, em Peniche, mais um título para os respectivos currículos, mas isso não é a única coisa que está em jogo. A etapa portuguesa vai ajudar a definir quem estará na estreia olímpica do surf em Tóquio 2020.

Primeiro, as contas do título. Medina chega à etapa portuguesa (que já venceu em 2017) como o líder do ranking, já com vitórias na etapa sul-africana em Jeffreys Bay e na etapa norte-americana realizada na piscina de ondas de Kelly Slater na Califórnia, e um novo triunfo em Peniche deixa-o bem próximo do seu terceiro título mundial (já venceu em 2014 e 2018). Com a ausência do lesionado John John Florence (que não compete desde Junho), a principal concorrência de Medina tem sido brasileira (Filipe Toledo e Italo Ferreira) e sul-africana (Jordy Smith) entre um lote mais alargado de surfistas que, matematicamente, ainda podem aspirar ao título.

O líder do ranking não está a contar com o título já nos Supertubos, esperando uma decisão na etapa final, que será o Bilabong Pipeline Masters, no Havai, onde Medina garantiu o título em 2018. “Estou preparado para o Havai, mas quero fazer um bom campeonato aqui. Sei que cada bateria que passar ficarei mais perto do título. Esse é o meu objectivo”, disse Medina ao PÚBLICO, não apontando nenhum rival em particular para esta etapa em Peniche: “É difícil escolher um. Todos são muito difíceis. Estou focado no meu trabalho.”

Um dos candidatos é Ítalo Ferreira, vencedor no ano passado em Peniche. Actual quarto classificado do ranking, o brasileiro vem bem embalado da outra etapa europeia do circuito, com um segundo lugar em França, e tem altas expectativas a prova portuguesa. “Este é um dos meus lugares favoritos. O ano foi bem difícil e divertido e muita coisa pode acontecer. Encontrei o meu equilíbrio, estou mais confiante e espero repetir o feito.”

Também o título mundial feminino pode ficar fechado em Peniche. Carissa Moore pode chegar ao tetracampeonato na prova portuguesa, que regressou este ano em Peniche depois de vários anos de ausência. “Estou muito feliz por estar de volta. E acho que todas as raparigas também estão. Estou a tentar não pensar muito no título, mas estou grata por estar nesta posição”, declarou a havaiana de 27 anos, já campeã mundial em 2011, 2013 e 2015, e vencedora da etapa anterior, em França.

Três portugueses

Serão três os surfistas portugueses que estarão no mar de Peniche. Frederico “Kikas” Morais é o mais experiente dos três, já com seis participações, entre elas um quinto lugar em 2015, sendo que, em 2019, esta presença na etapa portuguesa não irá contar para a sua actual luta. “Kikas” está a lutar pelo regresso ao circuito principal da WSL – está em sexto na qualificação e 34.º no ranking mundial – e, por isso, diz que vai estar “mais relaxado” numa prova que será “especial”. “É impossível não ser especial. As praias vão estar cheias e é um campeonato importante. Quero fazer bom surf, apanhar boas ondas”, diz “Kikas”, que já tem no bolso a qualificação olímpica para Tóquio, garantida em Setembro passado nos World Surfing Games. Vasco Ribeiro, que já foi terceiro em Peniche (2015), e Miguel Blanco, actual campeão nacional, são os outros dois surfistas a jogar em “casa”.

Sendo esta a penúltima etapa do circuito, muito do que se passar em Peniche irá influenciar a qualificação para Tóquio 2020, onde o surf irá fazer a sua estreia olímpica - 20 homens e 20 mulheres irão competir no torneio olímpico. Com oito lugares na prova masculina já fechados (um deles será de Frederico Morais) e oito vagas preenchidas na prova feminina, grande parte das vagas restantes será atribuída através dos rankings da WSL, sendo que, com a limitação de dois atletas por país, haverá enorme concorrência para chegar aos Jogos entre os surfistas brasileiros, australianos e norte-americanos – para efeitos olímpicos, os havaianos contam como norte-americanos.

Considerado como o melhor surfista de sempre, Kelly Slater está em Peniche para tentar ser um dos dois norte-americanos na estreia olímpica do surf. Onze vezes campeão mundial, Slater, de 47 anos, é, actualmente, 13.º do ranking e quarto entre os norte-americanos, atrás de Kolohe Andino, John John Florence e Seth Moniz. A luta pelas duas vagas brasileiras também promete ser interessante. Três dos quatro primeiros do ranking são brasileiros (Medina, Toledo e Ítalo), mas só podem ir dois a Tóquio.

Sugerir correcção
Comentar