Barra de Casillas aguentou despique aceso pela liderança

FC Porto isolou-se no comando da Liga, às custas de um Sp. Braga que testou por duas vezes os ferros da baliza “azul e branca”. Otávio revelou-se decisivo.

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LUSA/JOSE COELHO

O FC Porto assumiu, ainda que sem se furtar a uma elevada dose de sofrimento, o comando isolado do campeonato, impondo-se na 10.ª jornada a um Sp. Braga destemido (1-0), que demonstrou não ser por mero acaso que se apresentou no Estádio do Dragão em condições de discutir, taco a taco, o primeiro lugar com o campeão nacional.

O intenso braço-de-ferro durou 88 minutos, deixando os minhotos a escassos instantes de manterem a invencibilidade na presente época. Mas acabaram por capitular quando se deixaram enfeitiçar pela magia de um Otávio, que voltou a ter o condão de ser decisivo.

Depois do cumprimento dos técnicos, em pleno relvado, a selar a troca de galhardetes das conferências de imprensa da véspera, o Sp. Braga enviou uma mensagem clara no primeiro minuto, dizendo ao FC Porto que não teria problemas em assumir-se e, sempre que possível, mexer os cordelinhos do jogo, como, aliás, tentou provar com uma pressão altíssima, que obrigou os “dragões” a medirem bem todas as acções.

Na tentativa de demarcarem bem o território, os minhotos posicionaram-se com máximo rigor de forma a camuflarem todos os espaços que pudessem levar os portistas a explorar a profundidade de que Marega tanto dependia para dar sentido à ideologia de Óliver. Apesar de muito pressionado e obrigado a pegar na bola uns bons metros mais longe da área bracarense, o aniversariante espanhol até foi o primeiro a tentar o remate, levando, pouco a pouco, a equipa a encontrar-se e a colocar o visitante no lugar que o Dragão lhe tinha destinado.

Mas a noite era, sobretudo, para esgrimir egos entre líderes. E o Sp. Braga sabia que podia ferir o orgulho portista com um golpe profundo, como os que Paulinho e Dyego Sousa tentaram na primeira meia hora, mantendo aceso o “diálogo” com os campeões nacionais e um equilíbrio de forças que iluminava a noite.

Dessa discussão acabou por resultar um clarão quando, no limite do risco, Óliver accionou Marega, para o maliano deixar Brahimi em posição de colocar o FC Porto em vantagem. Valeu aos bracarenses a luva de Tiago Sá, a negar o mais que provável golo inaugural.

O duelo de guarda-redes estava oficialmente aberto e Casillas, que se limitara a controlar a trajectória da bola, era obrigado a intervir para evitar o golo de Esgaio. Imperava o equilíbrio e a incerteza, apesar do ligeiro e natural ascendente “azul e branco” com que se atingiu o intervalo, logo após o FC Porto reclamar a intervenção do VAR num lance na área do Sp. Braga, que Soares Dias não precisou de rever.

Da análise feita pelos técnicos ao primeiro assalto resultou um início de segunda parte com o FC Porto empenhado em controlar e o Sp. Braga atento à possibilidade de conquistar um ponto, sem nunca abdicar da capacidade de agredir o adversário. A prova de que essa postura poderia trazer dividendos esteve nos dois remates devolvidos pela barra de Casillas. Primeiro num tiro fulminante de Esgaio (55’) e, mais tarde, na que foi a maior perdida dos minhotos, com Fransérgio a deslumbrar-se e a falhar com estrondo (77’). De resto, antes já Marega se tinha engasgado com uma oferta inesperada de Bruno Viana, com o avançado portista a perder o tempo de remate e a permitir que o central emendasse o erro.

Cada vez mais impaciente, Sérgio Conceição arriscava um pouco mais com a troca de Maxi por Otávio, baixando, em tese, Corona para a lateral, decisão que provocou alguns calafrios naquele sector, até porque o mexicano continuava empenhado em atacar o espaço de Sequeira. A verdade é que Otávio acabaria por desempenhar, mais uma vez, um papel crucial ao descobrir Soares nas costas de Marcelo Goiano, colocando a bola na cabeça do avançado, que sentenciou o duelo e desempatou o jogo e a questão da liderança.

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