Rui Vitória: "Nunca quis nem quero sair do Benfica"

Treinador garante que não autoriza que lhe falem em eventuais propostas antes de terem sido dados todos os passos para as analisar.

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MIGUEL A. LOPES/LUSA

Rui Vitória foi taxativo na resposta à polémica suscitada pelas "negociações" entre o Benfica e o Everton, em Dezembro de 2017, reveladas na sequência da divulgação de um telefonema entre Luís Filipe Vieira e o empresário mandatado pelo clube. O treinador da formação "encarnada" reagiu esta quinta-feira, em conferência de imprensa de lançamento do jogo com o Moreirense, para garantir que, desde que entrou na Luz, não quis nem quer saber de quaisquer cenários.

“Não me preocupo, desde que entrei no Benfica, com eventuais sondagens, eventuais possibilidades e eventuais contactos. As pessoas que trabalham comigo sabem a minha forma de pensar: sou altamente discreto, gosto de ser discreto e não vivo dessa forma. Portanto, desde que entrei para o Benfica, nunca daqui quis sair e nem quero!", sustenta Rui Vitória, indiferente às movimentações alheias.

"É evidente que depois de um bicampeonato e de um apuramento da Liga dos Campeões, contactos e possibilidades haveria em todo o lado. Mas, mais aviso, menos aviso, as pessoas que trabalham comigo só chegam ao pé de mim depois de darem muitos passos e terem algo concreto para eu analisar. Caso contrário, nem têm autorização para me dizerem nada", reiterou.

"O que me move não são só questões financeiras, é o envolvimento, a confiança, a forma como me integro nos clubes, o projecto para o futuro. Essa possibilidade, se surgiu, não passou disso mesmo, pois nem olhei com olhos de ver. O que quero é o Benfica".

Rui Vitória aproveitou para endereçar um “abraço amigo a José Peseiro”, pois “nunca é agradável” o despedimento de um treinador, embora defenda que “a qualidade existe” e o ex-ttreinador do Sporting “tem provas dadas”.

“O futebol português tem evoluído dentro de uma certa estabilidade”, embora reconheça as diferentes “realidades dos clubes”, evitando entrar em terrenos perigosos.

“Quem sou eu para me meter na vida do Sporting? Há critérios e valores diferentes para cada instituição”, reconhece, abreviando o tema antes de um comentário à declaração do presidente do Benfica sobre o objectivo da conquista do título de campeão europeu.

“Sou muito optimista, mas dentro da racionalidade. Os objectivos têm que ser muito bem pensados, estruturados e idealizados. Mas nada acontece sem olharmos e pensarmos que podemos lá chegar. A ambição é algo que se pode e temos que ter, mas sempre com muito trabalho a fazer”, esclareceu, mantendo o foco no projecto que o clube tem vindo a desenvolver.

“Conheço a realidade do Benfica e é o caminho correcto. As armas não são iguais às dos grandes clubes europeus. Há acelerações e desacelerações, mas o Benfica tem um futuro risonho, se a base que tem dado jogadores às selecções sub-17, sub-19 e sub-21 for bem aproveitada. Se não perdermos este rumo, o futuro está lá”.

Inevitavelmente, Rui Vitória foi confrontado com a recepção ao Moreirense (sexta-feira, 20h30), adversário que vem de duas vitórias, em contraste com o trajecto das “águias”, derrotadas em Amesterdão e no Jamor.

“Este é um jogo diferente. Sabemos o que fizemos e o que não foi favorável: a bola entrar na baliza. Faltaram oportunidades? Foi o último passe? Não. Aliás, assumimos claramente que tínhamos capacidade para ganhar o último jogo. Agora o sentimento é de ir à procura de vencer. As dinâmicas têm que aparecer, mas temos que finalizar”, reconhece Rui Vitória, apreciando as intenções do Moreirense.

“Há algum atrevimento à procura de reacção da nossa parte. Vir à Luz não é fácil. É uma linguagem positiva, de transmitir ambição, mas o adversário tem noção das dificuldades. O Ivo sabe que vai ter um jogo difícil. Sabe que o Benfica é uma grande equipa. Mas valorizo esse registo”.

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