FC Porto assume liderança em noite de parca inspiração

“Dragões” aprovados sem distinção num jogo em que os sadinos começaram por condicionar a estratégia azul, contagiando a equipa de Sérgio Conceição.

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

O FC Porto passou no teste diante do V. Setúbal na 5.ª jornada, assumindo o comando provisório da Liga, mesmo sem uma nota capaz de reforçar a ideia de evolução e crescimento avançada pelo treinador portista, que terá saído mais satisfeito com o resultado (0-2) do que com a exibição no Estádio do Bonfim.

Sérgio Conceição bem tentara sensibilizar Lito Vidigal, ao elogiar o treinador do V. Setúbal, ilibando-o antecipadamente de qualquer tipo de manobra capaz de ferir o espírito e fair-play do jogo ou de pura e simplesmente boicotar o tempo útil. Indiferente, Lito Vidigal montou um dispositivo com três centrais e um meio-campo reforçado, formando um bloco compacto.

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Livescore

A estratégia sadina cortava todos os caminhos e tolhia os movimentos de um “dragão” que se apresentou sem alterações relativamente ao embate da Liga dos Campeões e em que o primeiro a tentar libertar-se do colete-de-forças com relativo êxito foi o brasileiro Otávio. Apesar das restrições, o FC Porto criava embaraços defensivos na área setubalense, onde ao fim do primeiro quarto de hora tudo se tornou mais simples para o campeão nacional: Marega trocou os papéis com Maxi Pereira, criando condições para a entrada triunfal de Aboubakar, que se limitou a empurrar para o fundo das redes (17’). O camaronês chegava ao topo da lista de melhores marcadores, com o quarto golo na Liga, relançando os dados de uma partida que exigia uma postura mais atrevida do Vitória.

Curiosamente, a diferença mínima não afectou o posicionamento da equipa da casa, que manteve todos os jogadores na expectativa, com a esperança de poder anular a desvantagem numa transição rápida. Já sem a urgência de quem precisa de marcar a todo o custo, os portistas aceitaram as regras e passaram a circular a bola, também na convicção de que um segundo golo abriria em definitivo o jogo.

Desse diálogo de surdos nada resultou, com o V. Setúbal a aparecer com relativo perigo um par de vezes na zona de influência de Felipe e Militão, e com os centrais a resolverem os problemas até ao reinício da partida, quando Valdo colocou a bola dentro da baliza de Casillas. A segunda parte revelou uma segunda intenção dos vitorianos, que aos 49’ viram o golo do avançado estreante ser invalidado pelo VAR. Valdo controlou a bola com o braço, aproveitando um ressalto em Militão para bater o guarda-redes, mas a infracção foi sancionada, poupando o FC Porto a nova dose de ansiedade.

Ficou, contudo, o aviso. Mas também a noção de que o Vitória só tinha a ganhar se se dedicasse a pressionar um adversário com anticorpos nesta matéria, especialmente depois da reviravolta operada pelo outro Vitória, no Dragão. Atento ao resvalar da equipa, Sérgio Conceição trocou a subtileza de Otávio pelo pragmatismo de Sérgio Oliveira, que por pouco não simplificava a tarefa portista, desperdiçando uma situação soberana após triangulação com Marega. Mas Sérgio Oliveira estava destinado a desatar um nó que contou com a cumplicidade do guarda-redes vitoriano: Vasco Fernandes travou André Pereira em falta e Sérgio Oliveira tentou a sorte num livre a uns bons 40 metros da baliza, deixando Joel Pereira muito mal visto na fotografia (0-2).

A pouco mais de dez minutos do desfecho, Lito Vidigal assumia o risco com a entrada de Zequinha. Mas numa noite em que não abundaram os remates, acabou por ser o FC Porto a surgir, com naturalidade, em condições de escrever o último capítulo, com Corona a poupar Joel Pereira a novo golpe, falhando por pouco a última oportunidade de um encontro em que os portistas voltaram a estar distantes do nível preconizado pelo técnico, acabando por conseguir apenas um controlo precário de um duelo em que nunca mostraram capacidade para aniquilar a réstia de ambição sadina.

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