Os Encontros da Imagem vão celebrar a fotografia como agente de beleza e de consolação

As 40 exposições da 28.ª edição do festival dedicado à fotografia querem oferecer um antídoto para o desassossego da vida contemporânea. De 21 de Setembro a 28 de Outubro em Braga, mas também em Barcelos, Guimarães e Porto, num ano em que o evento se estende à fotografia e ao cinema.

Fotogaleria
A série The object of my gaze, de Marcia Michel MARCIA MICHEL
Fotogaleria
A série Woman go no’gree, de Gloria Oyarzabal,A série Woman go no’gree, de Gloria Oyarzabal GLORIA OYARZABAL,GLORIA OYARZABAL
Fotogaleria
A série Recall, de Jacob Burge JACOB BURGE
Fotogaleria
1966-2018: O Tempo de Braga, de Alfredo Cunha ALFREDO CUNHA
Fotogaleria
À sombra de Deus, de José Bacelar JOSÉ BACELAR

Um das séries a expor na próxima edição dos Encontros da Imagem, a 28.ª, documenta, em retratos mais convencionais ou perspectivas mais íntimas, o envelhecimento de uma mulher. Em The object of my gaze, Marcia Michael, fotógrafa jamaicana radicada em Londres, tenta afirmar a presença da mãe na sua vida, apesar da transformação física ditada pelo tempo. “A exposição retrata a consolação de ter a mãe. Nos retratos, é notório o envelhecimento dela, mas a segurança da sua presença mantém-se”, realçou esta quinta-feira o director do festival de fotografia bracarense, Carlos Fontes, numa apresentação na Reitoria da Universidade do Minho (UM).

Esta é uma das 40 exposições de uma edição que almeja, simultaneamente, o belo e a consolação, os dois eixos dos Encontros da Imagem 2018, que decorrerão (sobretudo) em Braga, entre 21 de Setembro e 28 de Outubro. A busca e a consolação podem ser o antídoto para o “desassossego da vida contemporânea”, que causa “fragmentação e indiferença” e que afasta o ser humano de si mesmo e do ambiente que o rodeia, salienta a direcção da associação organizadora, a Encontros da Imagem, numa nota publicada na sua página na Internet.

Para Carlos Fontes, as duas ideias estão implícitas quer nas cores de Gloria Oyarzabal (Woman go no’gree), quer na relação entre homem e tecnologia descrita em Recall, de Jacob Burge, quer na manipulação de retratos femininos antigos operada por Thomas Zika (Drama queens). Haverá ainda espaço, nestes Encontros da Imagem, para várias perspectivas da cidade de Braga, nas exposições de Alfredo Cunha (1966-2018: O Tempo de Braga) e de José Bacelar (À sombra de Deus).

Além dos artistas convidados, os Encontros da Imagem contam ainda com as obras candidatas ao prémio Emergentes, que vai atribuir cinco mil euros ao projecto vencedor, escolhido por um júri internacional, e com os projectos seleccionados a partir de uma open call. O evento, porém, não se resumirá desta vez à fotografia. Logo na inauguração, que se estende de 21 a 23 de Setembro, o Gnration vai acolher um concerto de Spectrum, projecto a solo do músico britânico Pete Kember, um dos fundadores dos Spacemen 3. Essa actuação vai decorrer em simultâneo com uma projecção multimédia do artista Sérgio Couto. A organização, revelou Carlos Fontes, estabeleceu ainda uma parceria com o Cineclube de Braga para a exibição de oito filmes alusivos ao belo e à consolação.

Criado há 31 anos em Braga, o evento vai concentrar a maioria da programação na cidade de origem – 33 exposições em 13 espaços, que incluem o Edifício do Castelo, o Museu Nogueira da Silva, e a ala nascente da reitoria da UM. As outras exposições vão estar em Guimarães (três), em Barcelos (duas) e no Porto (duas).

À espera da DG Artes

A associação Encontros da Imagem estima o orçamento desta edição em 160 mil euros, mas ainda não sabe se vai receber algum apoio da Direcção-Geral das Artes (DGArtes). Depois de não se ter candidatado a qualquer apoio do Estado em 2017, a associação tentou, este ano, obter um financiamento de 40 mil euros, o mais alto dos três escalões previstos no programa de Apoio Pontual à Criação. Essa linha de financiamento contempla quatro projectos anualmente, mas os resultados para 2018 não foram ainda divulgados, esclareceu Carlos Fontes.

Presente na apresentação do evento, o presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, disse-se “entristecido” pelo facto de a DGArtes não ter ainda garantido o financiamento para uma iniciativa com “programação de excelência”, criada a partir de “uma região que também marca a diferença no campo cultural”. Em sentido inverso, o autarca enalteceu a ligação do evento às artes multimédia, área em que Braga é Cidade Criativa da UNESCO.

Sugerir correcção
Comentar