Vimos Cristiano Ronaldo, que sorte tivemos!

A estrela portuguesa fez estremecer a Rússia e o seu nome está na boca do mundo. Os correspondentes internacionais esgotaram os adjectivos depois dos três golos apontados à Espanha no 51.º hat trick da carreira.

Cristiano Ronaldo, Taça do Mundo 2018, Sochi, Portugal national football team
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Cristiano Ronaldo Reuters/UESLEI MARCELINO
Cristiano Ronaldo, Seleção de Portugal, Copa do Mundo de 2018, Espanha, Real Madrid CF, Jogador de futebol
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Cristiano Ronaldo Reuters/MURAD SEZER
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André Silva felicita Crsitiano Ronaldo Reuters/CARLOS BARRIA
Cristiano Ronaldo, Taça do Mundo de 2018, Portugal national football team
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Cristiano Ronaldo LUSA/PAULO NOVAIS
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O livre apontado por Cristiano Ronaldo LUSA/FRIEDEMANN VOGEL

A bola já estava na marca de grande penalidade quando De Gea caminhou lentamente até ficar à frente de Cristiano. Exibiu o seu 1,92m, mais sete centímetros do que o português, e cravou o olhar no adversário, que o ignorou. Impassível. O guarda-redes ocupou o seu lugar entre os postes e voltou a mostrar a sua envergadura colocando os braços no ar. Instantes depois estava no chão, no lado errado da baliza. O pesadelo do espanhol estava só a começar.

Sochi acordou na manhã deste sábado como se deitara na véspera. Cristiano Ronaldo está na boca de todos e não é necessário entender russo para perceber de quem falam. O melhor do mundo despertou finalmente a região para o Mundial de futebol. Sochi passou a fazer parte da história de CR7. Pela importância da partida, dimensão do oponente e pelo dramatismo cinematográfico, o madeirense assinou aqui a maior exibição ao serviço da selecção.

No final do jogo, o espanto pelo que acabara de fazer o mais mediático português da história era visível entre os correspondentes internacionais na sala de imprensa do Estádio Olímpico de Fisht. Repórteres ingleses especulavam sobre a natureza extraterrestre de Ronaldo num programa de rádio.

O feito do português era comparado com o de Maradona no Mundial de 1986, quando também sozinho carregou às costas a Argentina e apontou os dois golos da épica vitória sobre a Inglaterra (2-1), nos quartos-de-final, no Estádio Azteca, no México, onde a selecção argentina regressaria para levar o título. Não acreditam que Portugal reedite o guião, mas “com Ronaldo nunca se sabe”.

O português é uma espécie de guinness book ambulante. Um papa recordes voraz. Em Sochi deixou mais alguns. Tornou-se no primeiro europeu de sempre a marcar em oito torneios internacionais de selecções consecutivos: Euros 2004, 2008, 2012 e 2016; Mundiais 2006, 2010, 2014 e 2018. É o quarto futebolista a marcar em quatro mundiais, na companhia de Pelé, Klose e Seeler. Apanhou o húngaro Puskas no topo da lista dos melhores marcadores de sempre em jogos de selecções europeias, com 84 golos.

Frente à Espanha, a quem nunca marcara, assinou o 51.º hat trick da sua carreira, sexto ao serviço de Portugal. No ano em que completou 33 anos, já soma 31 golos em 23 partidas oficiais e ainda estamos a meio. Em 2017 apontou 52 e o seu recorde pessoal remonta a 2013, quando chegou aos 66'. Uma cifra que não está fora do seu alcance em 2018.

“Ele vai mesmo tentar”

“A equipa pode não ter muita posse de bola, não criar oportunidades e mesmo assim ele consegue fazê-lo!”, exclamava um dos comentadores da BBC Radio 5, conduzido pelos veteranos jornalistas Mark Chapman e Kelly Cates. “Ele vai mesmo tentar vencer este Mundial. Não acredito que o vá conseguir mas vai tentar. Ele é excepcional, é extraordinário”, concluíram, destacando a capacidade de Ronaldo em se recriar e readaptar fisicamente para manter um nível competitivo estratosférico apesar dos anos.

A reforçar a dimensão da proeza de Ronaldo frente à Espanha, basta recordar que nunca nenhum jogador tinha apontado um hat trick à "roja" em fases finais de grandes competições. E nos dez encontros da qualificação, os espanhóis tinham sofrido apenas os mesmos golos - três - desta partida.

Depois de já ter amealhado cinco prémios da FIFA para o melhor jogador do mundo, igualando o recorde de Lionel Messi, Cristiano pode começar a reservar a sexta estatueta para o seu museu, no Funchal. A importância transcendente que teve na conquista da 13.ª Liga dos Campeões para o Real Madrid ficou expressa com todo o esplendor no golo de bicicleta que apontou à Juventus, em Turim, na primeira mão dos quartos-de-final da competição milionária. O melhor da sua carreira, segundo o próprio, que levantou os adeptos adversários para o aplauso.

Um golo de cinema que será recordado para sempre, como sublinhou o correspondente italiano do jornal espanhol As, Mirko Calemme: “Em Nápoles cantam ‘vimos Maradona’, aqueles que estiveram em Turim podem dizer ‘vimos CR7’. Inesquecível: que sorte tivemos.”

É o que dirão agora os 44 mil espectadores que vibraram em Sochi com o hino ao futebol de Portugal e Espanha onde Ronaldo explicou porque é o melhor do mundo e um dos melhores de sempre na história do futebol.

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