Sem Cristiano Ronaldo, o plano C de Portugal falhou na defesa

A selecção nacional entrou bem no jogo e esteve a vencer a Tunísia por 2-0, mas dois erros defensivos ditaram um empate frente aos africanos no primeiro ensaio durante o estágio para o Mundial 2018.

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Quaresma Reuters/MIGUEL VIDAL

O primeiro de três jogos de preparação durante o estágio da selecção portuguesa para o Mundial 2018 até começou bem, mas Fernando Santos tem motivos para ficar apreensivo após o teste realizado nesta segunda-feira, em Braga, frente à Tunísia. Privado de duas peças imprescindíveis (Rui Patrício e Cristiano Ronaldo) e de dois fortes concorrentes a um lugar no “onze” (Gelson Martins e Bruno Fernandes), Portugal ensaiou um plano C, que deixou boas indicações no aspecto ofensivo, mas tal como tinha acontecido em Março, frente à Holanda, a defesa voltou a ser o ponto débil da equipa portuguesa. André Silva e João Mário fizeram os golos no empate (2-2) frente à Tunísia.

Quando o tema é Cristiano Ronaldo, Fernando Santos não hesita: o capitão da selecção é o único “indiscutível” e o esquema táctico que melhor encaixa nas características do avançado é o 4x4x2. No entanto, o seleccionador não esconde a existência de um plano B, um 4x3x3 com Ronaldo a “9” e dois jogadores móveis nos flancos. Porém, com o melhor marcador da história da selecção nacional ainda na ressaca dos festejos da conquista da Liga dos Campeões, Santos viu-se obrigado a testar o plano C: sem Ronaldo, a aposta recairá no 4x3x3, com André Silva sozinho na área.

Se na frente, com a ausência de Cristiano Ronaldo, não surpreendeu o tridente formado por André Silva, Quaresma e Bernardo Silva, as novidades surgiram na defesa, onde Ricardo, na direita, e Rúben Dias, que fez a estreia ao lado de Pepe, eram as novidades. Na esquerda esteve Raphaël Guerreiro e a sua exibição não deixou dúvidas: após um final de época atribulado devido a lesões, o defesa do Borussia Dortmund está em claro sub-rendimento.

No meio campo, apesar de William também estar a milhas da sua melhor forma, a reedição da dupla João Mário-Adrien deixou boas indicações. Com muita liberdade, os ex-sportinguistas estiveram em bom nível e foram decisivos para os bons primeiros 40 minutos de Portugal.

Perante um adversário com ADN do futebol francês, a selecção portuguesa assumiu cedo o controlo. Sem surpresa, as oportunidades de perigo junto da baliza defendida por Mouez Hassen surgiram e o golo 1000 da história da selecção nacional apareceu aos 22’: Quaresma, que começou na esquerda, deslocou-se ao lado contrário e, com uma assistência “à Quaresma”, ofereceu a André Silva o primeiro de Portugal.

Bastante móvel, o ataque português mostrava-se afinado e não demorou a ampliar o marcador. Uma dúzia de minutos depois do primeiro, após um canto, a bola sobrou para João Mário e o “10” de Portugal, com um excelente remate, fez o 2-0. Até aí, Fernando Santos só tinha motivos para estar satisfeito com o ensaio do plano C.

Mas o jogo mudou. Até aí amorfa, a Tunísia, que vai defrontar a Bélgica, o Panamá e a Inglaterra no Mundial, avançou no terreno e na segunda aproximação à baliza de Anthony Lopes, Badri reduziu. Com Mário Rui no lugar de Guerreiro, Portugal, mesmo sem mostrar a qualidade do início da partida, esteve perto do 3-1 após o intervalo — Bernardo Silva acertou no poste; William viu um golo ser anulado —, mas foi a Tunísia, após mais uma falha defensiva nacional, que voltou a marcar, fixando o resultado final em 2-2, deixando motivos de preocupação a Fernando Santos: há três anos que Portugal não sofria dois ou mais golos em jogos consecutivos.

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