Deputados atribuem alta taxa de desemprego jovem a uma "incorrecta lei laboral"

Afastamento dos jovens da política e a taxa de desemprego entre os mais novos preocupam os mais jovens deputados na Assembleia da República

A grande manifestação da chamada geração à rasca foi há um ano Paulo Ricca
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A grande manifestação da chamada geração à rasca foi há um ano Paulo Ricca
Miguel Manso
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Os mais jovens deputados de cada grupo parlamentar apontam, em declarações à Lusa, a prática de uma “incorrecta lei laboral” e o “desaproveitamento do conhecimento académico” como as principais causas para os 35% de desemprego jovem. Em análise ao comportamento dos jovens, os deputados assumem que a juventude tem uma visão descredibilizada da política e dos políticos.

Com idades entre os 25 e os 33 anos, Cristóvão Ribeiro (PSD), Vera Rodrigues (CDS), Pedro Alves (PS), Pedro Filipe Soares (BE) e Rita Rato (PCP) são os deputados mais jovens da Assembleia da República e, questionados pela Lusa, falaram sobre as suas principais preocupações político-partidárias.

Confrontado com os níveis de desemprego, o deputado socialista Pedro Alves defende que “é necessário intervir na lei laboral” para que esta não “tire direitos a quem já os tem, mas que reforce os direitos a todos”. “A lei laboral protege cada vez mais o lucro em vez das condições laborais”, acrescenta.

A "dupla desgraça" do desemprego jovem

Já o deputado do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, considera “que a estrutura económica não valoriza o conhecimento adquirido pelos jovens”, ou seja: “Na prática estamos a ter uma dupla desgraça: os jovens não se valorizam por não estarem no mercado de trabalho e a sociedade está a hipotecar o investimento que fez sem tirar proveito da sua formação”.

“Os números do desemprego jovem são fruto de um conjunto de más políticas seguidas nos últimos anos”, considera, por seu lado, o social-democrata Cristóvão Ribeiro.

A deputada comunista Rita Rato entende que “uma taxa desta dimensão só é justificada por políticas que agravam e impedem a concretização de muitos direitos da juventude”.

Em análise ao comportamento dos jovens na política, todos os deputados concordam que a juventude portuguesa está, de um modo geral, afastada da política, mas apontam diferentes razões para esse comportamento. “Os níveis de participação cívica por parte dos jovens são pautados por muita apatia”, afirma Pedro Alves.

Já a deputada do CDS Vera Rodrigues admite alguma responsabilidade da classe política por esse afastamento: “Eu entendo que provavelmente ao longo dos anos não fomos tendo os melhores exemplos daquilo que é ser-se político”, diz, acrescentando que “os políticos estão de uma forma geral descredibilizados”.

“Os jovens olham para a política de uma forma velha, são velhos na vida política, perderam o encanto porque já não a olham com a visão de que esta pode ser a mudança de vida”, afirma Pedro Filipe Soares, do BE.

Rita Rato, deputada comunista, considera que este comportamento dos jovens “é legítimo pois os últimos anos de regime democrático não têm melhorado a vida dos portugueses”.

O deputado social-democrata Cristóvão Ribeiro apela “à participação cívica e activa dos jovens na política para uma construção de um novo paradigma”, acreditando que “quanto mais jovens participarem, melhores serão as decisões tomadas”.

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