Canábis medicinal: cigarro electrónico é melhor que um charro

Investigadores da Universidade de Lausanne, na Suíça, sugerem que inalar vapores de cigarros electrónicos com extracto de canábis é mais seguro e eficaz em termos medicinais

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“O objectivo não é ficar ‘pedrado’ mas sim curado”, sublinhou um dos autores do estudo Anthony Bolante/Reuters

Um estudo desenvolvido por cientistas da universidade suíça de Lausanne concluiu que os cigarros electrónicos podem constituir uma forma mais segura de consumo de canábis para fins terapêuticos. De acordo com os investigadores, inalar vapores com infusões de extractos de canábis é mais saudável do que fumar esta droga com tabaco.

O “cannavaping”, como escreve o jornal britânico “Guardian”, permite um maior controlo sobre as micro-dosagens recomendadas para consumo medicinal ao longo do dia, algo que não acontece com “comprimidos que contêm extractos de canábis”.

“O objectivo não é ficar ‘pedrado’ mas sim curado”, sublinhou Vincent Varlet, um dos autores do trabalho publicado esta quinta-feira, 26 de Maio, no jornal “Scientific Reports”. O “cannavaping”, acredita, “parece ser um método alternativo suave, eficaz, ‘user-friendly’ e seguro” de obter bons resultados no alívio de sintomas de algumas doenças.

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Lindsay Fox/Pixabay

A equipa de cientistas utilizou gás butano para extrair as substâncias activas da canábis — os canabinóides — para “criar óleo de haxixe concentrado”. Durante a investigação, foi descoberto que o óleo de haxixe “não é muito solúvel nas recargas líquidas utilizadas nos cigarros electrónicos comerciais”, o que aponta o facto de os riscos de abuso da droga através da inalação serem baixos.

Michael Bloomfield, docente de psiquiatria na University College London, manifestou preocupações sobre o consumo de óleo de haxixe através de cigarros electrónicos ao “Guardian”. “De um ponto de vista de redução de riscos, ‘cannavaping’ parece ser uma coisa boa, mas se é para ser utilizado como medicamento tem de passar pelos mesmos controlos que os outros”, sublinhou.

Em Portugal, o consumo de canábis para fins medicinais não é legal e o mercado dos cigarros electrónicos já teve melhores dias. De acordo com a Associação Portuguesa de Cigarros Electrónicos, em 2015, os espaços de venda deste produto eram menos de 30, número bem mais baixo do que o verificado em 2014 (400).

Há ainda estudos que sugerem que estes cigarros contêm até dez vezes mais agentes cancerígenos do que o tabaco convencional e que não servem para deixar de fumar. Há poucos dias, uma investigação internacional que integra cientistas da Universidade de Coimbra revelou que a canábis poderá melhorar o consumo de energia pelo cérebro quando este se encontra deficitário na doença de Alzheimer.

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