Isto não é uma crónica sobre o BANIF

Diz-se que "à primeira caem todos, à segunda cai quem quer, mas à terceira cai só cai quem é tolo". Esta é a terceira vez que caímos. Seremos tolos?

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Brian Snyder/Reuters

Isto não é uma crónica. É uma carta de revolta. De angústia, de desespero, de nojo. Dirigida aos cancros que estão a matar a nossa sociedade.

Diz-se que "à primeira caem todos, à segunda cai quem quer, mas à terceira cai só cai quem é tolo". Esta é a terceira vez que caímos. Seremos tolos? Estaremos cegos ao ponto de não conseguirmos enxergar que isto é um embuste, um truque, uma fórmula que está a ser aplicada vezes e vezes sem conta pela banca, já que esta obtém, repetidamente, sucesso ao aplicá-la? Quanto tempo mais vamos tardar a travar esta metástase de ganância?

Chega! É tempo de mudar. É hora de decidirmos de que lado estamos. Se queremos que o Estado interfira na banca, nacionalizemo-la; mas se, por outro lado, acreditamos que o capitalismo financeiro é mais vantajoso, temos que arcar com as consequências da nossa decisão, e perceber que estamos a negociar e a entregar as nossas poupanças nas mãos de entidades privadas e que, se algo falhar, são essas mesmas entidades que terão que ser (verdadeiramente) responsabilizadas, e não o nosso vizinho do lado. Esta promiscuidade entre o Governo e o sector bancário privado é que não pode continuar.

Caros banqueiros, se querem ser os reis de um mercado livre, quando o vosso castelo se desmorona – ou melhor, quando vocês o implodem –, peçam ajuda à vossa tão venerada "mão invisível" para o reconstruir, não à mão calejada dos contribuintes, pois estes não assinaram nenhum contrato que os obrigue a serem fiadores nos vossos negócios pouco claros.

Caros deputados, quais são, afinal, os interesses que vocês defendem: os nacionais ou os de Angola? Quem é que vos elegeu: o povo português ou o povo chinês? Quem é que paga os vossos salários: os contribuintes portugueses ou os acionistas do Banco Santander Totta?

Bem sei que estamos em época natalícia, mas Portugal não é a Lapónia. E os portugueses não são o Pai Natal para terem que oferecer presentes a bancos estrangeiros.

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