Novas espécies em vias de extinção em Portugal

A União Internacional de Conservação da Natureza lançou a última actualização da Lista Vermelha, destinada à conservação da natureza e dos recursos naturais das espécies ameaçadas. A rola brava e o zarro são as mais recentes "vítimas"

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A rola brava Faísca

A rola-brava e o zarro. São estes os nomes das últimas "vítimas" entre as espécies ameaçadas em Portugal.

A União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN), em colaboração com a BirdLife internacional, actualizou a sua ferramenta para avaliar as espécies em vias de extinção. Chama-se Lista Vermelha, serve para avaliar o grau de ameaça de extinção das espécies animais e é uma das referências mundiais no que toca à conservação de espécies. Pela primeira vez, na lista foram incluídas espécies cinegéticas que são fortemente ameaçadas. A última actualização tem data deste mês e considera a rola-brava e o zarro como duas espécies ameaçadas no nosso país.

Números adiantados pela SPEA realçam que “das 77 340 espécies avaliadas, 22 784 estão em vias de extinção e no grupo das aves, em particular, mais de 40 espécies viram o seu estatuto de conservação agravar-se". É o caso da rola-brava, uma ave migradora "que ainda é caçada em Portugal apesar das evidências de programas de monitorização levados a cabo pela SPEA", que demonstram "um decréscimo muito acentuado, de cerca de 40% na última década". Também o zarro (da família dos patos) é uma espécie cinegética migradora "com diminuições drásticas nas suas populações". Com base nestes dados, a SPEA não tem dúvidas que ambas as espécies devem deixar de ser caçadas como medida de conservação, o que requer uma reacção rápida e eficaz das entidades oficiais através da alteração do calendário venatório e da suspensão da sua caça.

Segundo o risco de extinção que cada espécie apresenta estas podem ser agrupadas como espécies: “Ameaçadas” (caso a ameaça de extinção aconteça devido a um desequilíbrio ecológico); “Vulneráveis” (espécies cuja propagação seja naturalmente difícil e que o seu mecanismo de produção seja demasiado lento); “Raras” (como o próprio nome indica são espécies consideradas raras), e “Indeterminada” (quando não se conhecem informações suficientes para classificar a espécie, ou para ser introduzida num dos campos acima descritos).

Os principais grupos de aves que mostram agravamentos no risco de extinção são os abutres, as aves marinhas e as aves limícolas, algumas delas ocorrem em Portugal e requerem "medidas de conservação urgentes", apontou o director executivo da SPEA, Luís Costa. Em Portugal existe actualmente "uma espécie em risco crítico", que partilhamos com Espanha: a pardela-balear, e 3 “Em Perigo”. "Já tivemos mais, que felizmente já viram a categoria de ameaça diminuída graças a esforços de projectos de conservação, entre as quais o priolo e a freira-da-madeira e graças ao resultado de um melhor conhecimento sobre as populações individuais de aves. Contudo, existem ainda sete espécies com o estatuto de conservação urgentes: a águia-imperial, o painho-de-monteiro, a abetarda, a freira-do-bugio, a felosa-aquática, e as novas espécies que agora entraram na lista: a rola-brava e o zarro".

A C6 (coligação que associa ONG’s de ambiente) formada pelo Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens (FAPAS), o Grupo de Estudos do Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), a Liga para a Protecção da Natureza (LPN), a Associação Nacional de Conservação da Natureza (QUERCUS), a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e a Worl Wide Fund of Nature (WWF) pretendem gerar um efeito positivo no que toca à conservação e valorização de espécies em vias de extinção, considerando-se um elo de ligação entre as organizações não-governamentais de defesa, protecção do ambiente e natureza com o intuito de influenciar positivamente as políticas públicas nesta área.

Luís Costa, em nome da Coligação C6, salientou o papel preponderante das ONGA referindo que estas “têm liderado e participado em projectos que permitiram recuperar a população, o habitat e a área de distribuição de algumas espécies que já estiveram perto da extinção e monitoriza as populações de aves que ajudam a definir o seu estatuto na Lista Vermelha.”

A estas organizações cabe garantir a existência e as condições necessárias à preservação de espécies em vias de extinção bem como a sua avaliação e classificação segundo o seu nível de necessidade. “A Lista Vermelha da IUCN representa a voz da biodiversidade e indica-nos onde devemos concentrar a nossa atenção de forma mais urgente – e esta voz está claramente a dizer nos que devemos agir já, de forma a desenvolver políticas mais fortes e programas de conservação que protejam as nossas aves e travem o seu declínio”, acrescentou Luís Costa.

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