Raquel recebe bolsa de 44 mil euros para estudar cegueira na diabetes

Investigadora da Universidade de Coimbra foi contemplada com uma bolsa da Bayer HealthCare para estudar novas estratégias de combate à retinopatia diabética

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Raquel Santiago UC

A investigadora Raquel Santiago, da Universidade de Coimbra (UC), foi contemplada com uma bolsa da Bayer HealthCare para estudar novas estratégias de combate à retinopatia diabética, uma das principais causas de cegueira a nível mundial.

Segundo a UC, Raquel Santiago vai receber uma bolsa do "Global Ophthalmology Awards Program" (GOAP), no valor de 50 mil dólares (44 mil euros), para desenvolver o estudo "Gerir a inflamação na retinopatia diabética por bloqueio do recetor A2A de adenosina".

"Estudos anteriores desenvolvidos pela equipa da investigadora demonstraram que o bloqueio deste receptor previne a activação das células da microglia (células do sistema imunitário) e a morte de células da retina", refere a instituição, em comunicado.

Raquel Santiago, citada na nota, explica que "em situações normais, as células da microglia estão constantemente a vigiar o microambiente que as rodeia, tendo um papel muito importante na homeostasia do sistema nervoso central, mas na diabetes as suas funções estão modificadas, promovendo a resposta inflamatória que pode contribuir para a morte celular na retina".

Segundo a investigadora, o seu estudo pretende verificar se ao bloquear o receptor A2A de adenosina é possível travar a morte das células da retina e, desta forma, a progressão da doença. A equipa de Raquel Santiago prepara-se para iniciar um conjunto de experiências em modelos animais de diabetes, que serão tratados com um bloqueador de receptores A2A de adenosina, para estudar como reage a retina e se as células da microglia ficam menos reactivas.

De acordo com o comunicado da UC, estima-se que, após 20 anos com diabetes, cerca de 90 por cento dos doentes com diabetes tipo 1 e mais de 60 por cento dos doentes com diabetes tipo 2 sofrem de retinopatia diabética. "Se for possível encontrar uma terapêutica que permita o tratamento numa fase mais inicial, o impacto na qualidade de vida do doente com retinopatia diabética será muito elevado", salienta Raquel Santiago, considerando que "os actuais tratamentos são dirigidos às fases avançadas da patologia, extremamente invasivos e pouco eficazes".

A investigadora do Instituto de Imagem Biomédica e Ciências da Vida (IBILI) da Faculdade de Medicina da UC recebe o prémio no dia 19, em Nice (França), durante o EURETINA - Congresso Europeu das doenças da retina.

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