Portugal sem argumentos contra o poderio espanhol

A selecção nacional foi derrotada com justiça pela Espanha, no Estádio Sérgio Conceição, em Taveiro, na quarta jornada do Rugby Europe Championship

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Luís Cabelo

No 80.º aniversário da estreia internacional de Portugal, precisamente frente à Espanha, e num jogo que assinalava a 99.ª internacionalização de Vasco Uva, o embate ibérico em Coimbra, revestia-se de extrema importância para catapultar qualquer das equipas para a luta pelo terceiro lugar do Rugby Europe Championship 2015/2016. E no 35.º embate entre “Lobos” e “Leões”, o resultado final de 8-19 reflecte a superioridade da Espanha frente a Portugal.

 

 

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A equipa espanhola entrou com uma vontade imperiosa de impor um ritmo de jogo elevado e conseguiu aos 65 segundos marcar ensaio, pelo ponta direito Julien Iriberri, depois de solicitação ao pé de Daniel Snee. O defesa espanhol, Sergi Sevilla não converteu, mas Portugal já perdia por 0-5 decorridos menos de dois minutos.

 

O jogo espanhol foi muito ritmado na primeira parte, quer com alargamento do perímetro de jogo, quer com constantes perfurações, principalmente do seu par de centros, que esteve muito activo. Nuno Penha e Costa falhou uma penalidade aos cinco minutos e Sergi Sevilla redimiu-se da não conversão do ensaio ao primeiro minuto com uma penalidade convertida aos 13’. Os “Leões” conseguiram neste primeiros 40’, realizar muitas jogadas de primeira fase, valendo a Portugal as boas placagens de Vasco Uva e Francisco Sousa e, acima de tudo, os erros de manipulação de bola dos espanhóis.

 

Portugal teve 10 a 15 minutos de bom jogo com fases atrás de fases, mas sem grande consequência de maior, tirando uma penalidade de Penha e Costa aos 20’ e, aos 30’, o ensaio de Tomás Noronha, depois de uma recuperação de bola. Penha e Costa falhou novamente a conversão e o resultado de 8-8 aos 30’ manteve-se até metade da segunda parte.

 

A Espanha ainda pressionou muito nos últimos dez minutos da primeira parte, explorarando o lado fechado de Portugal e aproveitando a constante deslocalização de Gonçalo Foro, procrando também aproveitar os grandes buracos na defesa portuguesa para garantir posse e território em zonas perigosas. Mais uma vez, valeram os erros de manipulação da oval por parte dos espanhóis, para alívio de Portugal. Os “Lobos” tiveram ainda uma contrariedade, com a lesão de Tomás Appleton (substituído mesmo antes do intervalo por Rodrigo Figueiredo, que entrou bem no jogo).

 

Se a Espanha foi mais aguerrida na primeira parte, na segunda Portugal foi mais espevitado e ligeiramente mais rápido, mas cometeu os mesmos pecados: falta de apoio, alinhamentos paupérrimos, falta de penetração e passes deficientes. Teria, também, mais um percalço, com a entorse no pé direito de Tony Martins que teve de sair aos 46’, tendo sido substituído por Bruno Rocha.

 

Portugal esteve melhor no jogo aberto do que nas fases estáticas (Campergue esteve bem), mas a falta de consequência de algumas boas arrancadas teve um elevado custo. Os “Leões”, com uma penalidade aos 61’ e um ensaio aos 66’, pelo incontornável Sergi Sevilla (marcou 14 pontos), no seguimento de um alinhamento e de uma boa exploração de um buraco defensivo, quando os portugueses se preocupavam em demasiado com o massacrado lado fechado, descurando o centro, colocaram definitivamente uma pedra no jogo. Portugal ainda tentou uma reacção, para apenas ser contrariado com mais uma penalidade espanhola, aos 76’ (8-19).

 

Nesta fase de construção de alicerces do XV de Portugal, vê-se uma clara falta de poder de fogo ofensivo e, apesar de conseguirem montar fases de jogo e mesmo alguns turnovers, com placagens muito competentes, a falta de paciência e de consequência das jogadas é a grande questão por resolver (não falando no óbvio alinhamento). A falta de alguma experiência na segunda linha e as ausências de Bardy e Bettencourt foram elementos também muito decisivos e que vão colocar a equipa técnica a pensar seriamente como construir um novo ciclo com três derrotas em quatro jornadas. Ainda, seria bom ver Duarte Marques a tentar a sua sorte aos postes (193 pontos pelo Técnico).

 

Numa partida que assinalou as estreias de João Travassos e Thibault de Freitas, merecem destaque as valorosas prestações de Vasco Uva, Francisco Sousa e Tomás Noronha, numa equipa que melhorou a sua prestação relativamente ao jogo com a Alemanha, mas que soma assim a segunda derrota consecutiva em território nacional frente aos espanhóis.

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