Aos 90 anos, o Benfica regressa ao local de origem

Após uma última década muito conturbada, as “águias” voltam a ter todos os escalões de formação e os seniores a treinar em Lisboa

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João Peleteiro

No próximo sábado a secção de râguebi do Benfica comemora o seu 90.º aniversário, uma data “redonda” que terá um simbolismo especial por coincidir com o regresso em força do clube a Lisboa. Após mais de uma década a treinar longe da capital, os “encarnados” estão “quase a crescer do zero outra vez” e desde o início desta época vêem concretizar o desejo de ter toda a formação, desde os Sub-8 até aos Sub-18, a trabalhar em Lisboa.

O “pior”, assume João Ferreira Queimado, “já passou”, mas o presidente da secção de râguebi do Benfica reconhece que para as “águias” a modalidade esteve “durante muito tempo em risco de desaparecer”. A demolição do antigo Estádio da Luz, que coincidiu com a crise na secção motivada pela gestão de João Vale e Azevedo como presidente do clube, deixou os “encarnados” sem infra-estruturas e sem rumo. “As infra-estruturas do râguebi eram todas no Estádio da Luz e o râguebi viu-se sem nada. Não havia campo, nem patrocinadores, nem direcção e depois da saída do Vale e Azevedo o Benfica quase que não tinha um tostão para o futebol, muito menos para as modalidades”, começa por contar Ferreira Queimado ao P3 Râguebi.

É nessa altura que o antigo internacional português assume responsabilidades na secção benfiquista e “a solução” foi viajar de malas e bagagens para a Sobreda da Caparica, “onde havia um campo municipal com custos mais reduzidos”. Porém, “a ambição sempre foi um dia conseguir voltar para o local de origem onde está toda a estrutura e toda a gente”.

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Depois de “muitas possibilidades que não se concretizaram”, no ano passado surgiu a hipótese de regressar a Lisboa através de protocolos com os Pupilos do Exército e o Colégio Militar. Até ao início desta temporada, porém, apenas a formação até aos Sub-12 já estava de volta à capital portuguesa, mas a partir de agora toda a estrutura de râguebi do Benfica “voltou às origens” onde quer “continuar a crescer”: “Para nós é decisivo ter toda a formação, desde os Sub-8 até aos Sub-18 a funcionar em Lisboa, com equipas técnicas montadas. Está tudo à volta do Estádio da Luz. Os seniores treinam nos Pupilos do Exército e a formação no Colégio Militar. Estamos de portas abertas e a receber imensos miúdos”, diz, com satisfação, João Ferreira Queimado.

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Embora os jogos continuem a ter como palco a Sobreda da Caparica – “São muitas categorias e é muito difícil arranjar campos em Lisboa” -, às segundas, quartas e sextas-feiras, das 19h00 às 20h00, o Colégio Militar recebe o futuro do râguebi benfiquista: “A base tem que ser a formação. Primeiro com quantidade e a partir daí com qualidade. Para isso apostamos em equipas técnicas com muita gente nova mas com muita qualidade. A formação demora tempo, mas a qualidade vai acabar por aparecer.”

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No entanto, apesar de os alicerces só começarem agora a ser solidificados, o râguebi benfiquista já tem como base a formação do clube e a equipa sénior “encarnada”, que nesta temporada vai voltar a competir na I Divisão, “continuará a ser uma equipa jovem”.

João Ferreira Queimado explica que o plantel do Benfica nesta época terá “mais quatro ou cinco miúdos que subiram dos Sub-18”, mas na opinião do presidente do râguebi benfiquista as “águias” estarão mais fortes no campeonato que arranca neste sábado. A luta pela subida, porém, ainda pode esperar. “O nosso objectivo é fazer crescer estes jogadores juntamente com alguns mais velhos que se mantêm. Vamos tentar ganhar os jogos todos, mas é prematuro estar a pensar que temos o objectivo de subir de divisão. Queremos dar tempo aos miúdos.”

Para a 2015-16 o discurso já é diferente e o Benfica já terá “mais condições para tentar a promoção e depois fazer um campeonato digno na Divisão de Honra”, mas se os “encarnados” conseguirem antecipar o regresso ao principal escalão do râguebi nacional, Ferreira Queimado não virará a cara á luta: “É prematuro subir, mas se acontecer assumiremos essa responsabilidade.”

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