É quase isso: eu sobrevivi às compras de Natal

As compras de Natal são como o sexo na “Casa dos Segredos”: é tudo à pressa e ninguém percebe o que se está a passar (nem os envolvidos); têm semelhanças com as obras públicas: passam o prazo, saem mais caras e quem se lixa és sempre tu

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brianjmatis/Flickr

Eis que a “Guerra dos Tronos” vai acontecer, num centro comercial perto de ti. Vai haver trolls, zombies, pessoas aborrecidas e pessoas violentas, quase-decapitações e lutas territoriais. Sim, chegaram as compras de Natal!

Começo por alertar para os perigos desta época. Não falo do gelo na estrada, da frequência com que vamos ouvir a “Last Christmas” ou dos filmes que nunca deram na televisão. Falo das compras de Natal, o segundo evento mais perigoso do Mundo, depois do aniversário do Chuck Norris.

As compras de Natal são como o sexo na “Casa dos Segredos”: é tudo à pressa e ninguém percebe o que se está a passar (nem os envolvidos); têm semelhanças com as obras públicas: passam o prazo, saem mais caras e quem se lixa és sempre tu.

Toda a gente compra um pijama. Os centros comerciais tornam-se festas do pijama, mas com público menos selecionado e com menos álcool. Está lá o gajo mau que te vai bater, se pegares no último iPhone. Que te vai perseguir, se levares o último LCD. Que vai acelerar até “Mach 27”, para ficar com o último lugar no parque de estacionamento.

(Podes evitar este último problema, detectando, à distância, os gajos que fazem isto: têm carros que ficam a meio caminho entre uma bola de espelhos e uma nave do Star Wars; o condutor não tem o capacete do Darth Vader nem a eloquência do Chewbacca.)

Gasta-se demasiado dinheiro, nestas alturas. Até nas televisões: todas vão fazer reportagens na manhã do dia 24, onde as pessoas dirão coisas como “já comprei tudo”, “faltam compras de última hora” ou “vim comprar uma rebarbadora, porque tenho uns primos do Canadá em casa e vou aproveitar que eles dominam para fazer umas obras na marquise”. Deixo uma dica às televisões: já que é sempre igual, usem as reportagens do ano passado, ninguém vai perceber.

Dizem que os homens ou estão a fazer sexo ou a pensar em sexo. No Natal, muita gente ou faz compras ou pensa em fazer compras. Com a diferença de que, nas compras, alguns conseguem satisfazer todos os desejos.

Nas compras de Natal, também se expressa, ao mais alto nível, o romantismo dos casais: ela compra-lhe uma camisola bonita, ele oferece-lhe um grelhador.

Por falar nisso, li, certa vez, que lingerie era um dos produtos mais trocados, depois do Natal. Esse facto ficava a dever-se a um desencontro entre as escolhas dos homens e o conforto das mulheres. É assim, meninas? Matar o romantismo? No ano seguinte, vão receber um grelhador. Sem internet, que é para não perderem o tempo todo no Facebook.

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