Casa da Criatividade abre em S. João da Madeira

Inauguração está prevista para 12 de Junho. É uma sala "polivalente", desenhada pelo arquitecto Filipe Oliveira Dias, extremamente versátil

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Nelson Garrido

A Casa da Criatividade que está em conclusão em S. João da Madeira terá uma sala de espectáculos única no país, que pode adoptar seis configurações diferentes com recurso a uma estrutura alterável em menos de uma hora. Com inauguração prevista para 12 de Junho, o novo equipamento da cidade ocupa o edifício do antigo Cinema Imperador, que, depois de adquirido por 1,2 milhões de euros e sujeito a uma intervenção de 5,2 milhões, se apresenta agora totalmente renovado.

Irá receber um espectáculo por semana, duas a três produções próprias por ano e até 550 espectadores em cada exibição. A propriedade do imóvel cabe à Câmara Municipal de S. João da Madeira, cujo presidente, Ricardo Figueiredo, assegurou à Lusa: “Esta é uma sala verdadeiramente polivalente, desenhada de forma brilhante pelo arquitecto Filipe Oliveira Dias para permitir diferentes configurações de palco e de plateia, e potenciar a criatividade de artistas e produtores”.

Para o autarca, esta é “a única sala do país com esta versatilidade” e será precisamente essa abrangência de oferta a afirmá-la “no panorama cultural da Área Metropolitana do Porto e no distrito de Aveiro, aumentando drasticamente a área de influência dos eventos culturais de S. João da Madeira”. Com base em diversas plataformas elevatórias e bancadas retráteis, o principal espaço interior da Casa da Criatividade pode dispor-se como sala livre, arena, passarela, ringue ou sala de teatro isabelina, com ou sem fosso de orquestra.

Uma sala "ecléctica"

Da configuração mais simples à mais complexa, a mudança demorará “menos do que uma hora”, sendo que todo o espaço está já equipado com 30 varas motorizadas que, à velocidade de um metro por segundo, permitirão mudanças de cena em apenas cinco segundos. “A sala é fantástica! Realmente ecléctica”, sintetiza Fernando Pinho, o produtor português que há vários anos se vem destacando no meio artístico britânico e que agora conciliará essa actividade com a direcção artística da Casa da Criatividade — numa gestão de risco partilhado também pioneira em Portugal.

“Vamos trazer à cidade espectáculos que normalmente só estariam disponíveis no Porto ou em Lisboa”, anuncia o director artístico, “e também vamos atrair espectadores que, noutras circunstâncias, não viriam a S. João da Madeira”. As produções próprias serão para estrear na Casa da Criatividade e partirão depois em itinerância, envolvendo, sempre que possível, artistas profissionais e amadores, de acordo com uma estratégia apostada na formação. Afinal, como realça Fernando Pinho, “os amadores só têm essa denominação enquanto não contactam com profissionais”. Mesmo em Londres “a questão que marca a diferença entre uns e outros é só uma: ‘Foram pagos pelo seu trabalho ou não?”.

A Casa da Criatividade é inaugurada com a actuação da Orquestra Gulbenkian. No dia seguinte a sala acolhe a sua primeira produção própria, levando à cena “O Despertar da Primavera”, que, baseando-se na obra do século XIX do alemão Frank Wedekind, recupera com teatro e música pop/rock a história “ainda actual de um grupo de jovens na descoberta da sua sexualidade”.

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