Urgências: jovens da classe média pedem cada vez mais ajuda social

No Hospital de Santa Maria, cada vez mais jovens da classe média pedem ajuda nos serviços sociais e manifestam dificuldades em pagar taxas moderadoras

Foto
Pedidos de apoio domiciliário para a população dependente também estão a aumentar Enric Vives-Rubio

São cada vez mais os jovens da classe média que pedem ajuda nos serviços sociais da urgência do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e que revelam dificuldades até para pagar taxas moderadoras.

“Temos jovens casais que já estão a sentir dificuldade em vir a uma urgência. Provavelmente estará a aumentar a dívida dessas prestações [taxas moderadoras]. As pessoas dizem que vêm, mas não sabem como vão pagar a vinda à urgência”, relatou à agência Lusa a assistente social Argentina Castilho.

Os pedidos de apoio domiciliário para a população dependente também estão a aumentar naquele serviço, porque cada vez mais as pessoas evitam faltar ao trabalho para cuidar dos seus familiares. As assistentes sociais da urgência do maior hospital do país deparam-se com um crescente número de casos em que a alta clínica não coincide com a alta social (o doente fica internado sem motivos médicos, mas por falta de autonomia e de apoios). “Há mais pedidos de resposta social. Há um grande número de população dependente, quer física quer cognitivamente e há muitas famílias a pedirem-nos apoio domiciliário”, disse Argentina Castilho.

Em causa estão situações, por exemplo, de idosos que tinham uma vida autónoma e que após um episódio de urgência ficam acamados ou dependentes para as suas tarefas mais básicas. Tradicionalmente, a família daria o apoio necessário, mas actualmente essa resposta é praticamente inexistente, sobretudo porque os familiares evitam ao máximo faltar ao trabalho, protelando a alta social enquanto não é conseguido o apoio domiciliário, disse à Lusa outra assistente social daquele serviço. Este receio do absentismo ao trabalho também é sentido pelos médicos no serviço de urgência, que verificam uma maior afluência dos doentes menos urgentes no período pós laboral.

Em 2012, registou-se um aumento de 18% de pedidos de ajuda. No que respeita aos casos que deram origem a abertura de processos, houve um aumento de 8,9% em 2012, face ao ano anterior, para um total de 1.267. Os pedidos de ajuda económica, nomeadamente para compra de medicação, também estão a aumentar, embora não de forma tão significativa como os pedidos de “orientação”: que recursos têm, quais os seus direitos e quais as respostas sociais disponíveis.

Sugerir correcção
Comentar