Jovens fintam a crise com negócios no Facebook

As portas do mercado de trabalho estão fechadas. Mas há algumas jovens que não desistem e criam, com a ajuda do Facebook, negócios próprios

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Carolina Tomaz, de 26 anos, criou o Umpoucodetudo, porque um dinheiro extra é sempre bem-vindo

Três jovens sem emprego certo, mas com vontade de fintar a crise e a falta de oportunidades no mercado de trabalho decidiram criar dos seus próprios negócios na rede social Facebook.

Carolina, Teresa e Filipa não se conhecem, mas em comum têm o gosto por trabalhos manuais e um espírito empreendedor que as levou a criar uma página no Facebook para vender produtos feitos por si mesmas.

Carolina Tomaz, de 26 anos, é licenciada em Audiovisual e Multimédia e actualmente trabalha como freelancer na área da produção artística e faz também voluntariado num atelier de artes de um centro para crianças num bairro social. Para preencher o pouco tempo que ainda lhe restava e porque ganhar mais algum dinheiro "dá sempre jeito", Carolina decidiu criar uma página no Facebook com uma "montra" que não exige aluguer do espaço e em que pode expor os produtos de uma forma mais fácil e barata sem limite de clientes.

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Teresa Pires seguiu o sonho de trabalhar em artesanato exótico e criou o CharatA

"Umpoucodetudo" é o nome da página criada há seis meses, e que se traduz exactamente naquilo a que Carolina se propõe: vender um pouco de tudo. Roupa em segunda mão, fotografias e telas são alguns dos objectos à venda, embora o maior sucesso seja a decoração de ténis de pano com adornos feitos à mão. Os primeiros clientes foram amigos e conhecidos, mas "cada vez mais há clientes de fora", contou à Lusa.

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A página Soaportuguese, de Filipa Biscaia, vende sabonetes naturais

Tal como Carolina, também Teresa Pires, de 30 anos, trabalha como freelancer em Designer e Comunicação, embora aceite outras propostas de trabalho para "ganhar mais uns trocos". Contudo, determinada a não ter um "percurso de vida comum, rendido ao mundo dos mercados megalómanos e das crises económicas", Teresa decidiu seguir o seu sonho, de trabalhar em "artesanato exótico".

Correntes em ferro para o ombro, acessórios para as orelhas com penas coloridas, brincos de diferentes formas em estilo oriental, são algumas das peças que Teresa produz e que define como "inspirações da Natureza e do Divino". Como o Facebook lhe pareceu "a forma mais óbvia" de divulgar e vender as suas peças, Teresa criou há dois meses a página "CharatA".

"Criando uma página e tendo uma boa comunicação consegue-se chegar a imensa gente e não estamos limitados à nossa rede de amigos. Além disso, o facto de ficar registado em ‘likes' o número de pessoas a quem o nosso trabalho agrada, é um bom barómetro de sucesso", afirmou Teresa.

O processo de venda pelo Facebook demora cerca de cinco dias. "As pessoas mostram interesse numa peça e eu envio o preço e detalhes do processo. Depois do ‘sim' e do pagamento estar confirmado (por transferência bancária, ou por PAYPAL - uma aquisição recente para clientes internacionais), eu envio a peça pelo correio", explicou. Teresa diz-se "muito satisfeita" com as vendas e até já teve clientes de Espanha, Inglaterra, Itália e Turquia. "Ainda não consigo viver só das minhas criações, mas a maior parte das minhas despesas é suportada pela CharatA. O sonho é chegar a esse ponto, sendo que ainda há muito por onde crescer e que eu sou só uma, acho que é possível, se usar todas as plataformas de venda no seu potencial máximo", sublinhou.

Já Filipa Biscaia só agora ficou rendida aos poderes do Facebook e apenas há dez dias inaugurou a sua página "Soaportuguese", dedicada à venda de sabonetes aromáticos feitos por si. "Ainda agora comecei e sei que ainda posso fazer muito trabalho de procura de mercado, melhorar as receitas que fiz. Também há um trabalho importante a fazer de sensibilização das pessoas, para explicar que um sabonete caseiro e natural é em muitas coisas bastante diferente dos industriais", disse.

Sabonetes naturais, caseiros, sem adição de químicos, com cheiro de alfazema, feito com azeite, óleo de coco e óleo de amêndoas doces é, para já, o único produto à venda.

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