Depois de muitos avanços e recuos, a construção do pólo do Museu do Louvre em Abu Dhabi vai arrancar no primeiro trimestre do próximo ano, segundo a agência de notícias Reuters. A garantia foi dada por Nabil al-Kendi, director de desenvolvimento da empresa Tourism Development & Investment, responsável pelo projecto, numa conferência de imprensa nesta segunda-feira. 

O novo pólo, um projecto de Jean Nouvel, que o arquitecto descreve como “uma ilha dentro de uma ilha”, está a ser apresentado como o primeiro museu universal do mundo árabe. O emirado do Golfo Pérsico terá ainda um braço do Guggenheim, um dos museus de arte moderna mais importantes do mundo, e da Universidade de Nova Iorque. As três instituições, com o museu parisiense à cabeça, são âncoras do projecto cultural da ilha Saadiyat, o grande complexo imobiliário (moradias de luxo, centros empresariais e campos de golfe) do emirado, com um investimento estimado de 27 mil milhões de dólares (pouco mais de 21 mil milhões de euros).

A abertura do Louvre e do Guggenheim foi anunciada para 2013-2014, o que já não é possível. A ilha Saadiyat foi sofrendo atrasos sucessivos porque o Governo teve de rever o projecto, em grande parte por causa dos custos envolvidos e da crise mundial que entretanto se instalou, levando alguns dos investidores a repensar a sua participação. A construção do novo braço do museu de Nova Iorque, que será o maior da galáxia da Fundação Solomon R. Guggenheim, já começou e deverá estar concluída em 2017.

24 mil metros quadrados de museu

O pendor universalista do Louvre de Nouvel, focado sobretudo na aproximação entre a arte do Oriente e do Ocidente, terá no Guggenheim do arquitecto Frank Gehry um espelho contemporâneo, voltado para os grandes artistas globais, sem deixar de dar atenção às dinâmicas regionais centradas na actividade dos vários centros culturais espalhados pelos emirados.

O Louvre de Abu Dhabi resulta de um protocolo a 30 anos estabelecido com o governo francês. O novo edifício, com um custo estimado entre os 80 e os 110 milhões de euros, terá uma área de 24 mil metros quadrados. A decisão de criar um braço do museu no emirado árabe foi alvo de muitas críticas em Paris. As mais duras acusavam o governo e a direcção do Louvre de estarem a tomar uma decisão puramente economicista.

O projecto concebido para Saadiyat foi pensado como uma montra económica e cultural de Abu Dhabi. Para além do Louvre e do Guggenheim, das residências de luxo, dos centros empresariais e empreendimentos turísticos, a ilha contará ainda com um museu nacional criado em honra do xeque Zayed bin Sultan al-Nahyan, um dos principais responsáveis pela formação dos Emirados Árabes Unidos, da responsabilidade do atelier do britânico Norman Foster (será o próprio arquitecto a dirigir o projecto); um centro de artes performativas desenhado pela iraquiana radicada no Reino Unido Zaha Hadid e um museu marítimo com a assinatura do japonês Tadao Ando.