Invicta Angels: eles investem em “start-ups” e ganham dinheiro com isso

Ricardo Luz diz que a crise não entra na equação se os projectos tiverem valor. A empresa investe em qualquer área desde que os negócios possam crescer no mercado internacional

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Ricardo Luz é presidente da Invicta Angels, associação que já investiu em sete empresas Adriano Miranda

Um empreendedor "é alguém que se abstrai do contexto, acredita no seu projecto e faz tudo para o concretizar". Um empreendedor com um "bom projecto" ("uma boa ideia não chega", já vamos às explicações) não fica preso à austeridade: "A crise não deve entrar na equação, se o projecto tiver valor para o mercado vai acabar por vingar", defende o presidente da Invicta Angels, Ricardo Luz.

O tempo do conforto acabou. E isso não é necessariamente mau, acredita: "A crise é fonte de preocupações, mas também é fonte de oportunidades. Muitas vezes as pessoas estavam no conforto de saber que tinham uma alternativa, agora sabem que não existe esse conforto e isso faz com que tenham de dar à perna."

A Invicta Angels, criada em 2007, anda à procura (e é procurada) de pessoas com vontade de inovar. É uma associação que investe "capital inteligente" em start-ups com um máximo de três anos de actividade. "O nosso objectivo é ganhar dinheiro", admite Ricardo Luz: "Tornamo-nos sócios da empresa e estamos disponíveis para perder dinheiro porque investimos sem qualquer tipo de garantia."

Projectos em todas as áreas

A equipa da Invicta Angels - constituída por 52 empresários, ex-empresários, quadros superiores de empresas e ex-quadros superiores de empresas -, procura projectos "em todas as áreas", sobretudo na zona norte do país, mas só investe nos que, "além de serem rentáveis, podem crescer rapidamente para o mercado internacional".

No site, qualquer pessoa pode fazer gratuitamente a submissão do seu projecto. Até agora, a associação investiu em sete empresas – cinco delas no último ano. Tornam-se sócios (de preferência minoritários) e ganham dinheiro se conseguirem vender a participação com mais valia ao fim de três a cinco anos.

O que continua a acontecer – mas não é um "problema exclusivo dos portugueses" – é que chegam à Invicta Angels mais ideias do que projectos, chegam muitos sonhos. "O que dizemos é que não chega ter uma boa ideia, têm de ter algo mais, têm de ter um modelo de negócio", diz Ricardo Luz ao P3.

Pensamento prático

Os potenciais empreendedores precisam de fazer algumas perguntas a eles mesmos antes de avançar para o mercado, diz Ricardo Luz: "Como é que vou conseguir concretizar o meu projecto e obter rentabilidade? É essencial os promotores terem esse guião mental na cabeça, se não perdem-se na abstracção."

Há ainda uma "certa incapacidade geral", resultante de um "mecanismo de empreendedorismo que não guia para o resultado, guia para a reflexão". Mas o caminho feito já foi significativo, realça o presidente da Invicta Angels. "As universidades estão a fazer um papel muito importante, têm aberto muito ao mercad"”, exemplifica.

E o financiamento não há-de ser um problema: "Há muito dinheiro no país, de muitas entidades. Não há para todos, mas há sempre dinheiro para financiar bons projectos."

Esta sexta-feira, dia 23 de Novembro, a Invicta Angels realiza, em cooperação com a FNABA, o 2º Congresso Nacional de Business Angels, que vai debater a importância do capital de risco para a competitividade das empresas, na Reitoria da Universidade do Porto (Praça Gomes Teixeira, aos Clérigos) a partir das 14h30. 

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