Portugal é dos países onde a crise mais penaliza os jovens

Relatório europeu fala dos riscos de "uma geração perdida". Emprego jovem deve ser prioritário

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O desemprego na faixa etária dos 15-24 anos aumentou 50% desde o início da crise Luís Octávio Costa

Para um jovem português, o risco de ficar desempregado é tanto maior quanto mais qualificado for. A conclusão é do relatório da União Europeia sobre a juventude, divulgado ontem, segundo o qual Portugal é dos países onde a crise mais exacerbou o desajuste entre as qualificações e a empregabilidade.

"Parece haver um desacerto entre as competências adquiridas no ensino superior e aquelas que são necessárias para os empregos disponíveis", lê-se no relatório, segundo o qual Grécia, Itália, Chipre e Roménia são os restantes países onde os licenciados correm mais riscos de ficar desempregados comparativamente com aqueles que detêm menos qualificações, "incluindo os que não completaram o secundário".

Além dos apelos para que o emprego juvenil e a inclusão social dos jovens assumam um cariz "absolutamente prioritário" na política dos Estados-membros, o relatório da UE confirma aquilo que já se sabia: o desemprego na faixa etária dos 15-24 anos aumentou 50% desde o início da crise, fixando-se nos 22,5%. Bastante acima da média dos 17 países da zona euro, Portugal detinha em Julho uma taxa recorde de 36,4% de desemprego sub-25. Acima dos portugueses, apenas a Grécia (54%), a Espanha (53%) e a Eslováquia (38%).

Dizendo-se preocupada com os efeitos da crise nos jovens, a comissária europeia da Educação, Cultura e Juventude, Androulla Vassiliou, considerou serem demasiados os que foram postos em risco de exclusão social e pobreza. Apesar de Portugal ser dos países onde os jovens mais tardam a sair de casa dos pais, e de ter conseguido uma das mais aceleradas reduções do abandono escolar, entre 2000 e 2011, o país não foge àquela regra. Em 2010, 28% dos portugueses entre os 18 e os 24 anos estavam em risco de pobreza e exclusão. Naquele universo preponderam os que, não estando já na escola, também não conseguem ingressar no mundo do trabalho, os chamados NEET (not in employment, education or training), que, na mesma faixa etária, havia em 2011 entre 12% e 13% de jovens neste limbo.

O relatório conclui que o fenómeno NEET voltou a aumentar em 2009 para a generalidade dos países. "Por causa da crise, muitos jovens estão impossibilitados de encontrar um emprego que lhes permita garantir a sua própria subsistência", aponta o relatório, referindo o risco de esta se tornar "uma geração perdida".

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