Combinar desperdícios industriais com técnicas manuais é o lema de WeTheKnot, um projecto que Filipe Cardigos e Sérgio Gameiro usam como “plataforma” para algumas das ideias que partilham.
Os dois designers – Filipe, gráfico, e Sérgio, de moda – não gostam de olhar para WET como uma marca. Preferem designar o projecto “como uma âncora, por oposição clara à ligação com o universo das marcas”. “O que nos importa de facto é constituir um corpo de trabalho partilhado, sem um forma ou objectivo concretos”, dizem, em entrevista ao P3.
A colecção WET já vai na segunda edição e os 25 modelos únicos de calções impermeáveis para homem e mulher (vê galeria) foram escolhidos “a partir de uma selecção do material encontrado em Lisboa, Porto, Braga e Berlim, no curto Inverno de 2011-2012”, pode ler-se no site.
O processo de criação é, de acordo com a dupla, “longo, desde a recolha do material até à peça finalizada”. Os dias de tempestade, com chuva e vento são condição essencial; depois é “arranjar uma aberta e passear pela cidade, agarrando despojos dos guarda-chuvas estragados”.
O passo seguinte consiste em retirar e limpar o tecido da armação, estando depois pronto para o processo de corte e costura, “o mais moroso (desde o corte até aos acabamentos)”. “Muitos dos chapéus somos nós que recolhemos, mas grande parte deles são-nos oferecidos por amigos que já ganharam o hábito de os entregarem”, explicam.
Peças únicas pouco moralistas
Desde 2010, ano em que começaram a dedicar-se a esta manufactura, Filipe e Sérgio vão guardando material de reserva, o que lhes permite escolher apenas os que acham “mais interessantes para transformar em calções”.
“Não queremos, de todo, moralizar a reutilização de materiais ou valer-nos da vaga de ‘eco-bio-responsabilidade’; esta é simplesmente uma ideia que nos permite produzir um número de peças únicas a partir de objectos inutilizados”, ressalvam Filipe, de 28 anos, e Sérgio, de 24.
A dupla de designers está sedeada em Lisboa mas os calções WET já foram mostrados noutras cidades portuguesas e também em Berlim. “As pessoas ficam bastante impressionadas quando ouvem a história por detrás das peças.” Brevemente, essas peças não vão ser apenas calções, uma vez que está prevista a apresentação de “uma pequena série de mochilas”.
Filipe e Sérgio, que acumulam trabalho como freelancers, têm um “pequeno estúdio de impressão serigráfica” que lhes permite desenvolver um trabalho e produzi-lo. Além da loja online, os calções estão disponíveis fisicamente na galeria e loja Colönia, no Porto, e na Galeria de Exclusivos (GDE), em Lisboa, e custam 40 euros.
