Jovens engenheiros: inovem e internacionalizem-se

Em Maio, cerca de 400 jovens vão estar no 1º Congresso Ibérico de Jovens Engenheiros. Inovação, empreendedorismo, internacionalização e emprego são os grandes temas

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Fernando Veludo/nFACTOS

Quando ouve falar da resistência dos jovens engenheiros em sair do país para ir, por exemplo, para Angola ou para o Brasil, Bento Aires tem uma resposta preparada: “Esses países ficam a seguir ao aeroporto Francisco Sá Carneiro ou ao da Portela. O conceito de emigração, hoje, não deve existir. A palavra emigração tem de ser vencida, hoje há a internacionalização, o saber fazer”.

A convicção é do responsável pela Comissão Executiva do Congresso Ibérico de Jovens Engenheiros (CIJE), que vai decorrer em Braga de 18 a 20 de Maio. Empreendedorismo, internacionalização, empregabilidade, inovação e sustentabilidade serão os grandes temas em debate nesta iniciativa inserida na Capital Europeia da Juventude e promovida pela Ordem dos Engenheiros e pelo Colegio de Caminos Canales y Puertos.

O CIJE, que espera juntar entre 300 e 400 jovens engenheiros no Theatro Circo, em Braga, quer desmistificar a ideia da engenharia como algo pesado: “A sociedade pensa muitas vezes que a engenharia é matemática e física. E a engenharia é o nosso dia-a-dia, pode melhorar a qualidade de vida das pessoas”, acredita Bento Aires.

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Bento Aires e Tiago Almeida, da organização do CIJE Nelson Garrido

A engenharia vista de fora

Para sustentar esta ideia, o congresso vai ter como convidados não só engenheiros, mas também profissionais de outras áreas. Miguel Gonçalves, da agência SparkAgency, e António Murta, co-fundador da Pathena, são dois dos oradores já confirmados.

As dificuldades actuais do mercado português fazem com que exista um “elevado número de engenheiros a ir para o exterior”. Mas a emigração – ou “internacionalização”, como a organização do CIJE gosta de dizer – "não é necessariamente negativa", defende Bento Aires. É uma ideia que Nuno Félix, Rui Alves e Maria Peixoto, engenheiros civis que emigraram, corroboram, apesar de lamentarem o facto de essa ser a única saída.  

Durante o congresso ibérico vai ser também apresentado um documento estratégico de orientação para a engenharia ibérica. “Os profissionais de engenharia têm dificuldade em ser reconhecidos no exterior”, admite Bento Aires, que conta que a Ordem dos Engenheiros está a trabalhar nesse problema no mercado brasileiro, um dos preferenciais para os engenheiros neste momento.

No ano de 2009-2010, houve 15133 novos diplomados na área de engenharia, indústrias transformadoras e construção em Portugal. Um número que, diz a organização do CIJE, precisa de ser aproveitado. “Não duvido que nas universidades se fazem excelentes trabalhos, mas se quem está fora das universidades não conseguir tirar partido das investigações e teses, esse trabalho é perdido". 

Ligação às universidades

O grupo de trabalho dos jovens engenheiros terá também como função “promover a ligação das empresas às universidades, através de dias abertos, semanas da profissão e outros eventos do género”, explica Tiago Almeida.

Além das palestras dos oradores convidados e dos consecutivos debates, o congresso terá uma “espécie de feira de emprego”, onde os jovens engenheiros poderão contactar com algumas empresas e ter informação sobre como orientar as carreiras.

Até ao dia 15 de Março, o CIJE aceita resumos de artigos (até 500 palavras) sobre os quatro grandes temas do congresso (internacionalização, empregabilidade, empreendedorismo e inovação e sustentabilidade). O melhor de cada tema será apresentado no Theatro Circo.

Notícia corrigida a 3 de Fevereiro, com alteração do número de diplomados em engenharia

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