80% dos temporários preferiam um contrato directo

Estudos da Faculdade de Psicologia de Lisboa sobre trabalho temporário foram reunidos em livro

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Mais de 1300 trabalhadores temporários participaram nestes estudos Jagadees NV/Reuters

Cerca de 80% dos trabalhadores temporários preferiam ter um contrato directo com a empresa utilizadora, de acordo com as conclusões de estudos da Faculdade de Psicologia de Lisboa, que vão ser apresentados esta sexta-feira, dia 4 de Novembro.

Os mesmos estudos indicam que cerca de 50% destes trabalhadores também não se importariam de continuar na empresa de trabalho temporário, demonstrando voluntarismo nesta opção contratual.

O trabalho foi realizado ao longo dos últimos dois anos por uma equipa de investigadores da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, coordenado pela professora Maria José Chambel, com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, com o objectivo de compreender as novas relações de emprego e os novos desafios que este tipo de contratação coloca à gestão dos recursos humanos.

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Nos estudos participaram 1.338 trabalhadores temporários pertencentes a nove empresas Rui Gaudêncio/arquivo

Em entrevista à agência Lusa, Maria José Chambel disse que a maior parte destes trabalhadores encara o trabalho temporário como uma oportunidade para conhecer pessoas, para ter formação e como experiência profissional, exibindo por isso melhores níveis de bem-estar e de compromisso afectivo com a empresa.

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Trabalho temporário é uma oportunidade para conhecer pessoas e ter formação, diz investigadora Rui Gaudêncio/arquivo

Níveis de stress idênticos

“Como estes trabalhadores acreditam que o seu esforço virá a ser recompensado por parte da empresa, nomeadamente através da sua contratação, quando existir uma oportunidade mostram mais compromisso com os objectivos da empresa, na realização do seu trabalho”, disse.

A equipa da Faculdade de Psicologia estudou, também, os níveis de stress destes trabalhadores, em comparação com os funcionários permanentes das empresas, tendo concluído que estes ou têm níveis idênticos de estados psicológicos ou têm até melhores resultados.

“Na origem desta conclusão pode estar o facto de os trabalhadores temporários estarem nestas empresas há menos tempo do que os trabalhadores permanentes, podendo por isso sofrer menos desgaste no exercício do seu trabalho, ou seja. 'Como sou temporário, não estou à espera de segurança; então, o facto de não ter segurança não me causa transtorno'”, salientou. 

Maria José Chambel explicou que o principal objectivo do trabalho era “estudar os trabalhadores temporários de agência, aqueles que são contratados por uma agência de trabalho temporário e que desenvolvem a sua actividade numa outra chamada empresa utilizadora ou empresa cliente.

“Demorámos dois anos a efectuar os estudos e as conclusões a que chegámos eram tantas que decidimos compilar e publicar em livro”, disse Maria José Chambel, adiantando que nos estudos participaram 1338 trabalhadores temporários pertencentes a nove empresas: três de "call center" e seis de indústria. 

As conclusões dos vários estudos foram compiladas e publicadas no livro “Novos desafios para a Gestão de Recursos Humanos: O caso dos trabalhadores temporários”, com prefácio do Provedor da Ética Empresarial e do Trabalhadores Temporário, Vitalino Canas, que será apresentado, dia 4 de Novembro, no Segundo Encontro Nacional de Gestão de Recursos Humanos nos Trabalhadores Temporários, na Faculdade de Psicologia, em Lisboa.

Notícia corrigida às 16:48

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