Jovens arquitectos portugueses expõem em Nova Iorque

João Escaleira Amaral e Manuela Dias Tamborino vão expor projecto para renovar o urbanismo das favelas de São Paulo

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A quem andar por Nova Iorque no dia 17 de Outubro recomenda-se uma passagem pelo edifício das Nações Unidas, mais especificamente pela galeria principal do lobby de visitantes. É lá que vai decorrer a exposição “Design with the Other 90%: CITIES”, onde estará um protótipo de uma estrutura desenvolvida por dois portugueses: João Pedro Escaleira Amaral, de 28 anos, e Manuela Dias Tamborino, de 29.

Contudo, o projecto não é só da autoria dos dois portugueses. É deles e de mais 21 arquitectos de outras nacionalidades que, juntos, frequentaram um Master in Advanced Studies (MAS) em Design Urbano no Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique (ETHZ).

Foi no âmbito dessa pós-graduação – cujo objectivo era desenvolver propostas para territórios informais e precários e cuja área de estudo era o Brasil – que o grupo de arquitectos desenvolveu o protótipo. Trata-se de uma estrutura pré-fabricada em betão leve, com aglomerados recicláveis. Tudo em escala real.

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O betão leve é apenas um de vários materiais recicláveis utilizados no protótipo DR

O projecto foi apreciado pela Fundação Cooper Hewitt do Instituto Smithsonian (único museu dos EUA exclusivamente dedicado ao design) e o convite para participar na exposição “Design with the Other 90%: CITIES” surgiu de imediato.

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A reciclagem de estruturas pode vir a dar outra fama às favelas brasileiras DR

Renovar a favela com materiais recicláveis

Importa referir que a possibilidade de expor em Nova Iorque surgiu mais facilmente devido ao prémio ganho em Agosto pelo grupo de arquitectos no concurso “Renova SP”, promovido pela Prefeitura de São Paulo e pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, cujo objecto de incidência era bairros e favelas de São Paulo.

O objectivo que os organismos queriam ver cumprido por quem decidisse concorrer consistia no desenvolvimento de protótipos de estruturas que fossem produzidas com baixo custo e com aplicações inovadoras.

Por conseguinte, o grupo do MAS contribuiu com propostas em que eram utilizados materiais recicláveis. Esta estratégia tem um grande interesse para os bairros da cidade, porque neles existe uma grande produção de lixo e, assim, o lixo passa a ser aproveitado para empreendimentos.

A título de exemplo, os materiais que o grupo de arquitectos tem aplicado nos seus protótipos podem passar por barro ou vidro expandidos, misturados com água, areia, cimento ou espuma de esferovite. Acabam por ser experiências que inovam não só no tipo de estruturas com que os edifícios ficam, mas também ao nível da estética que dão às urbanizações.

O site de João Escaleira Amaral e Manuela Dias Tamborino pode ser visitado aqui

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