Pistorius quer ser apenas um atleta olímpico

Sul-africano tornou-se no primeiro desportista paralímpico a competir nos Mundiais de Atletismo

O atleta paralímpico Pistorius disputou, de igual para igual, uma prova vocacionada para atletas olímpicos Reuters
Fotogaleria
O atleta paralímpico Pistorius disputou, de igual para igual, uma prova vocacionada para atletas olímpicos Reuters
Reuters
Fotogaleria
Reuters

Eram 11h47m no estádio de Daegu, Coreia do Sul. Corria-se a quinta série de apuramento para as semi-finais dos 400 metros. Lado a lado, atletas do primeiro e do terceiro mundo, americanos, africanos, europeus. Todos diferentes. E na linha oito, debaixo de uma chuva de flashs, de um coro de gritos, de uma maré de cartazes, um mais diferente do que os outros: Oscar Pistorius, "o homem mais rápido do mundo sem pernas".

Naquele momento, em Daegu, escreveu-se uma linha na história do desporto: pela primeira vez, um atleta paralímpico estava a discutir, de igual para igual, uma prova vocacionada para atletas olímpicos. Pistorius demorou apenas 45,39s a parar o cronómetro e assegurar a passagem às "meias", mas demorou uma hora até conseguir responder a todas as perguntas dos jornalistas. Assim o decretou o estatuto de estrela maior dos Mundiais de Atletismo, que ontem viram cair o pano.

"Não me sinto um pioneiro. Sou apenas um velocista", disse depois de concretizar o sonho de uma vida. Mas "Blade Runner" (corredor lâmina, em tradução livre) é isso mesmo. Um pioneiro. Seja pelo facto de correr com umas aparatosas próteses de carbono, desenvolvidas na Islândia e avaliadas em 34 mil euros, que substituem as pernas amputadas na infância, seja pela longa batalha que teve de travar pela sua igualdade de direitos.

Malformação congénita levou à amputação 

Uma malformação congénita (nasceu sem o perónio) obrigou os pais, Henke e Sheila, a uma escolha impossível. Entre uma vida de operações agressivas e uma locomoção limitada e uma opção mais drástica, optaram pela segunda.

Amputado abaixo do joelho quando tinha apenas 11 meses, Pistorious viveu o seu dia-a-dia como qualquer criança, tendo apenas o especial cuidado de ludibriar os colegas que, em jeito de partida, lhe tentavam esconder as próteses.

Praticou todo o tipo de modalides, desde o ténis ao pólo aquático, enveredou pelo râguebi. Descobriu a velocidade por mero acaso, em Janeiro de 2004, quando, a recuperar de uma lesão, começou a correr como parte do programa de pré-época da temporada escolar. Entrou nos campeonatos sul-africanos para atletas portadores de deficiência e nunca mais parou.

Sete meses depois, com apenas 17 anos, estava nos Jogos Paralímpicos de Atenas, a vencer o ouro, com recorde mundial, nos 200 metros, e a perder por muito pouco nos 100 metros. Seria um raro momento.

Nos sete anos seguintes, a derrota nas competições paralímpicas apareceu apenas uma vez, já em Janeiro deste ano. Na era de domínio absoluto, com sucessões de recordes mundiais, de ouros atrás de ouros, Pistorius alimentou um sonho: ser apenas mais um atleta olímpico.

Lê o artigo completo no PÚBLICO (exclusivo para assinantes). 

Sugerir correcção
Comentar