Óquei conta com ligação especial a Barcelos para alcançar feito inédito

Equipa pode tornar-se na primeira a vencer três edições consecutivas da Taça CERS. Jogadores aconselham cautela, mas acreditam que conquista é possível.

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Barcelenses desejam repetir a festa pela terceira vez consecutiva Nelson Garrido

O Óquei de Barcelos pode ver — mais uma vez — o seu nome inscrito na história do hóquei em patins. Se vencer a presente edição da Taça CERS, o conjunto tornar-se-á a equipa mais titulada na prova, ultrapassando, no actual formato, os espanhóis do Liceo e os italianos do Novara, que também contam com três troféus. Se os barcelenses saírem vitoriosos, serão, também, os primeiros a conquistar em três anos consecutivos a segunda principal competição europeia da modalidade, depois de derrotarem na final de 2017 o Viareggio, em Itália, e, em 2016, o Vilafranca, em Barcelos. A final-four joga-se em Lleida, na Catalunha, já neste fim-de-semana.

Reinaldo Ventura, histórico da modalidade, alinhou pelo Óquei de Barcelos durante duas épocas, saindo em 2017 para o Viareggio. Ao PÚBLICO, o hoquista faz questão de tornar um ponto bem claro: “O Óquei de Barcelos continua a ser um grande do hóquei nacional”, garante o jogador. A Taça CERS era “um objectivo principal”, confidencia, tendo conquistado a competição nas épocas em que vestiu as cores do Barcelos.

Para o internacional português, a cidade minhota é especial: “Barcelos é uma localidade muito ligada ao hóquei. Isso é muito claro, até pelo desporto que as crianças praticam”, garante Reinaldo. O clube — entre jogadores das camadas jovens e aprendizes da escola de patinagem — acolhe, aproximadamente, 150 praticantes. “[Nos jogos] não é só a claque que está presente, temos um grupo de adeptos fiéis que vê os jogos em casa e fora. É uma envolvência que não é fácil de conseguir”, explica o avançado, atribuindo parte do sucesso recente da equipa a esta coesão.

O jogador acredita que a formação minhota tem “todas as condições” para voltar a ser feliz na competição, apesar de perdido “quatro jogadores importantes”, na transição para a presente época.

O presidente do clube, Francisco Dias da Silva, garante que a chave do sucesso internacional dos barcelenses passa pela dedicação: “O maior segredo é o trabalho. Como é normal, também alguma sorte à mistura e muito mérito dos técnicos e jogadores que, depois de terem perdido a equipa base, conseguiram chegar novamente à final-four”. O empresário — que também é presidente do Gil Vicente — diz que a história do clube tem servido como factor de motivação aos jogadores e equipa técnica: “O Óquei é um clube com prestígio, o que obriga a trabalhar sempre mais, de modo a mantermos este sucesso”.

Fundados oficialmente a 1 de Janeiro de 1948, os minhotos venceram cinco troféus internacionais e 11 no panorama desportivo nacional. Ganharam o campeonato por duas vezes na década de 1990 e na época 2000-01. Internacionalmente, conquistaram todas as principais competições, sagrando-se campeões da Europa em 1991 e campeões do Mundo no ano seguinte, trazendo para casa a Taça Intercontinental.

Uma “invasão” em marcha

Um dos jogadores mais acarinhados pelos adeptos ainda não era nascido quando o seu clube dominava a modalidade. João Guimarães — conhecido por Joca — relembra, com um toque de nostalgia, as suas primeiras memórias relacionadas com o hóquei: “Cresci a ver o clube em grandes finais, com o pavilhão sempre cheio. Lembro-me de ver o clube a lutar pelo campeonato, de o ver no auge”. O jovem de 22 anos fez toda a sua formação no Óquei de Barcelos, mostrando, desde cedo, o talento que o levou ao escalão principal prematuramente.

À semelhança do antigo colega de equipa Reinaldo Ventura, Joca salienta o destaque que a modalidade assume na cidade minhota: “O Barcelos tem uma mística especial, um elo de ligação aos adeptos muito forte. Os adeptos até acompanham as equipas da formação”. Apesar da tenra idade, o hoquista já tem duas medalhas de vencedor da Taça CERS. “Vencer em casa [2015] foi indescritível”, relembra Joca, como se de um sonho se tratasse. Em 2016, o sonho repetiu-se, em Itália. Para a final a quatro que se avizinha, o jogador é pragmático: “Pensamos jogo a jogo, portanto, o primeiro objectivo é passar à final. Se lá chegarmos, daremos tudo para vencer a competição”.

Os adeptos também vão marcar presença na Catalunha. Vítor Cardoso, um dos líderes da claque Kaos Barcelense, explica ao PÚBLICO a operação preparada para a final-four, que apelida de “invasão”: “Vão cerca de 200 pessoas. O grupo da claque vai de autocarro, depois temos muita gente que vai de carrinha, de avião ou até mesmo de outros países”. Vítor diz que, em Barcelos, o clube de hóquei é a equipa de referência, atirando o Gil Vicente para segundo plano: “Talvez seja a história que o Óquei tem. Basta ver pelas assistências [que rondam os 1000 espectadores por jogo]”.

A final-four da competição arranca já amanhã, com os minhotos a defrontarem, na meia-final, os catalães do Voltregà. Na outra partida, o Lleida — anfitrião da presente edição — jogará com os italianos do Hockey Breganze.

Texto editado por Nuno Sousa

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