Sporting ficou a meio caminho das meias-finais

Grande exibição dos “leões” frente ao Atlético de Madrid só chegou para uma vitória por 1-0 e não evitou a eliminação da Liga Europa.

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Gelson foi titular na equipa do Sporting LUSA/JOSE SENA GOULAO

O jogo da primeira mão, em Madrid, tinha marcado o início de uma semana trágica na vida do Sporting, ao ponto de tudo ficar, de repente, em causa. E, por isso, era mais do que uma eliminatória o que estava em jogo na segunda mão, em Alvalade. Era uma contribuição para as tréguas. Era um 2-0 muito difícil de recuperar e o Atlético era uma das melhores equipas da Europa. Mas o Sporting que esteve nesta quinta-feira em Alvalade foi a sua melhor versão e ficou a meio-caminho da “remontada” e do apuramento para as meias-finais, com o triunfo por 1-0.

Com o clima que o clube vive, os “leões” até podiam não conseguir a “remontada”, mas precisavam de uma vitória e de uma boa exibição frente ao segundo classificado da Liga espanhola. Bruno de Carvalho, o presidente, não apareceu. Nem no banco, nem na tribuna, mas deve ter gostado do que viu e, se ainda tivesse Facebook, estaria a fazer os elogios merecidos à equipa, depois de, há uma semana, a ter desfeito.

Sem poder contar com quase metade do seu “onze” de gala, entre lesionados (William Carvalho e Piccini) e castigados (Bas Dost e Coentrão), Jorge Jesus usou o plano B a que recorre de vez em quando, o de três centrais, com André Pinto a juntar-se aos habituais Mathieu e Coates. Ristovski era o dono do flanco direito, Acuña estava na esquerda, Ruiz, Battaglia e Bruno Fernandes no meio, mais Gelson e Montero lá na frente. Nos “colchoneros”, Diego Simeone foi mais conservador em relação às suas opções habituais, apenas com Vitolo em vez de Correa em relação ao jogo da primeira mão.

Desde o primeiro minuto até à fase do desespero, os “leões” foram uma equipa concentrada, determinada e de “perna valente”, sem cometer erros para Griezmann e companhia aproveitarem. O “leão” queria ser feliz, fez por o merecer e não andou longe, mas o Atlético não se desfez, aprendendo com o exemplo desastrado do Barcelona, em Roma, dois dias antes.

Logo aos 3’, um primeiro aviso. Battaglia meteu a bola na área e Acuña, de cabeça, atirou ligeiramente por cima da baliza de Oblak. Aliás, quase todas as grandes oportunidades do Sporting na primeira parte foram de cabeça, como a de Coates, aos 11’, após canto de Bruno Fernandes — Oblak defendeu. Pouco depois, uma contrariedade, com a saída de Mathieu por lesão (mais uma). Jesus não desfez o sistema e mandou Petrovic para o campo. O sérvio não comprometeu e o Sporting ia cumprindo parte da equação necessária, não sofrer golos. Precisava da outra metade.

Foi o que aconteceu, aos 28’. Bruno Fernandes atirou na direcção da baliza, Oblak desfez mal o lance e Fredy Montero, de cabeça, fez o 1-0. Era um prémio justíssimo para um Sporting dominador e um castigo igualmente justo para um Atlético demasiado expectante. E os “leões” podiam ter ido para o intervalo com a eliminatória empatada. Aos 45’, Bryan Ruiz, de fora da área, obrigou Oblak a nova grande defesa e, pouco depois, Gelson cabeceou de forma deficiente, após grande cruzamento de Acuña.

O Sporting iria ter mais meio jogo para, pelo menos, empatar a eliminatória, mas o Atlético, que tinha perdido Costa (entrou Fernando Torres), voltou do intervalo mais irritado consigo próprio, disposto a fazer mais do que tinha feito antes. Os “colchoneros” foram um pouco mais pressionantes, mas o Sporting estava com uma carga de adrenalina que lhe permitiu ter um fôlego extra e continuar à procura do segundo golo. Aos 64’, Montero teve uma oportunidade de ouro, mas, em posição frontal, o colombiano atirou com pouca convicção.

Jesus foi arriscando, com as saídas de Ristovski e Ruiz para as entradas de Rúben Ribeiro e Doumbia, mas o Sporting ficou a perder, sobretudo com a saída de Ruiz, uma presença muito criteriosa no meio-campo que o antigo jogador do Rio Ave nunca conseguiu ser. E na fase de desespero, que é aquela em que Coates já joga a ponta-de-lança, o Atlético teve duas grandes oportunidades, ambas desperdiçadas por Griezmann, sozinho perante Rui Patrício. Até ao último minuto, o Sporting lutou por mais um golo que seria um prémio justo para aquela que terá sido, talvez, a melhor exibição da época. Não saiu vitorioso da eliminatória, mas terá saído mais pacificado. Por enquanto.

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