A semana horrível do Sporting ainda pode acabar bem

“Leões” precisam de dar a volta em Alvalade a uma desvantagem por dois golos para eliminarem o Atlético de Madrid e seguirem para as meias-finais da Liga Europa

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Os jogadores do Sporting a treinarem antes do embate com o Atlético de Madrid LUSA/ANDRE KOSTERS

Há uma semana e a mais de 600 quilómetros de distância, em Madrid, começou uma das semanas mais turbulentas da história recente do Sporting. A derrota por 2-0 frente ao Atlético deixou a continuidade “leonina” na Liga Europa mais difícil, mas gerou ondas de choques cujo alcance é, nesta altura, difícil de imaginar a todos os níveis. É uma crise impossível de ignorar, mas é exactamente isso que o Sporting tem de fazer nesta quinta-feira, em Alvalade, para que a sua carreira europeia não acabe já.

Bruno de Carvalho já não está no Facebook e tem-se mantido em silêncio nos últimos dias, não havendo certezas sobre se estará no banco depois dos assobios que ouviu no passado domingo, mas há a certeza anunciada em comunicado que foram anulados os processos disciplinares aos jogadores. Se isto é apenas um paliativo para uma situação irresolúvel, ou se é o início de uma paz duradoura, só o tempo o dirá, mas são sinais de que o ambiente em Alvalade estará um pouco mais desanuviado.

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No meio disto tudo, Jorge Jesus tem tido um discurso da razão, da unidade e do foco. "O foco do jogo e do treino ultrapassa todas as situações do dia-a-dia durante a época. Temos um conhecimento profundo dos jogadores do Sporting no plano profissional e individual, e esta é uma equipa com uma personalidade elevada", disse o treinador "leonino", a quem perguntaram se havia uma quebra de solidariedade para com Bruno de Carvalho. Estão todos a puxar para o mesmo lado, respondeu Jesus: "Nós estamos aqui para defender o Sporting, que é o mais importante de tudo, eu, os jogadores, o presidente e os adeptos."

Para que a “remontada” aconteça, o Sporting precisa de marcar três e não sofrer nenhum, ou ganhar por três golos de diferença. E tem de o fazer sem a sua principal arma ofensiva das duas últimas épocas, Bas Dost, que viu um amarelo no jogo da primeira mão e tem de cumprir um jogo de castigo – Coentrão também não é opção pelo mesmo motivo. Acuña será, com quase toda a certeza, o dono do lado esquerdo da defesa, enquanto Doumbia talvez volte à titularidade mais de um mês depois – o costa-marfinense tem sido uma aposta recorrente de Jesus nas competições europeias, nas quais já marcou três golos. William Carvalho, que saiu lesionado no jogo com o Paços de Ferreira, é que não deverá ser opção.

Para a tal “remontada” épica frente ao segundo classificado da Liga espanhola, o Sporting poderá tomar como exemplo o que a Roma fez ao Barcelona na Liga dos Campeões (ou como a Juventus quase fazia ao Real Madrid), mas Jesus não se agarra apenas ao sonho. “Acredito nessa possibilidade. Ninguém pensava que era possível a Roma eliminar o Barcelona e aconteceu. Não é só um sonho, eu confio na qualidade da equipa”, diz o técnico “leonino”. Marcar cedo, acrescenta Jesus, não é um imperativo estratégico: "O importante é marcar primeiro, como é óbvio. Podemos marcar dois golos em qualquer minuto. Não há obrigação de marcar logo no início. Temos a nossa estratégia, queremos fazer a 'remontada', e estamos a trabalhar para surpreender o Atlético.”

Do lado “colchonero”, Diego Simeone também não acredita em vitórias antecipadas e espera um Sporting “duro e intenso” e a querer ser feliz perante o seu público. E as crises internas do “leão” podem ser benéficas para o Atlético? O treinador argentino diz que não. “O mais saudável e o mais bonito do futebol são os futebolistas. Os jogadores festejaram todos juntos o segundo golo [ao Paços de Ferreira] e com os suplentes. Estão unidos e, por isso, temos de ter cuidado.”

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