Sporting cai em armadilha fatal e terá de rever prioridades

Derrota nos minutos finais, já depois da expulsão de Piccini, deixa a equipa orientada por Jorge Jesus muito distante do título e com o Sp. Braga a morder-lhe os calcanhares.

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LUSA/HUGO DELGADO
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Depois do infeliz episódio do desencontro de números entre os departamentos de contabilidade de “guerreiros” e “leões”, polémica que acendeu um rastilho perigoso no duelo da “Pedreira”, o Sp. Braga reclamou uma vitória com juros elevados na discussão do terceiro lugar, que fica preso por um ponto. Uma vitória (1-0) com um significado especial, que acabou com o estado de graça do Sporting nas últimas cinco deslocações a Braga, para o campeonato, transformando o sonho do título numa simples miragem.

O desfecho, selado aos 87 minutos, por um defesa que aguentou os últimos instantes à custa de algum sacrifício, condicionado por queixas musculares, acabou por diluir o protagonismo reclamado pelo VAR durante a primeira parte: em dois momentos, que custaram quase uma dezena de minutos de espera, o árbitro socorreu-se do vídeo para decidir um toque claro de Matheus na perna de Bas Dost (13’) — já depois de a bola ter cruzado a área, ficando fora do alcance do holandês — e um toque imperceptível de Paulinho em Gelson, “falta” que ocorreu imediatamente antes do golo anulado aos minhotos. Luís Godinho desvalorizou o contacto no primeiro lance e assumiu uma posição corajosa no segundo, levando o jogo em branco para os balneários, no intervalo. Pelo meio, no mesmo lance de que resultou o golo anulado (autogolo de Mathieu), passou despercebida uma disputa de área que justificaria a intervenção do VAR, entre Piccini e Ricardo Horta.

Estes dois momentos tiveram o condão de abafar todo o futebol desenvolvido nos primeiros 45 minutos, com o Sporting a entrar autoritário e a obrigar o Sp. Braga a defender-se demasiado perto da área. Bas Dost poderia ter dado outra expressão a esse período, mas a sofreguidão que caracterizou a entrada do “leão” traiu o discernimento. Recuperados deste primeiro impacto, os minhotos tiveram capacidade para inverter os dados do encontro e para acabar o primeiro período com uma postura ameaçadora e agressiva, pressionando e ganhando os duelos a meio-campo.

Sem William Carvalho, Jesus confiou a missão de consolidar os processos para a fase de construção a Battaglia, cujo nome esteve na berlinda durante toda a semana. O argentino acabou, assim, por criar um problema diferente, que Bryan Ruiz tentou resolver. Desta adaptação imperfeita nas duas posições resultou uma fragilidade que o Sp. Braga explorou.

Abel Ferreira teve também que mudar agulhas no corredor esquerdo, onde não podia contar com Jefferson. Um acerto de resolução menos problemática, embora tenha sido do lado oposto que o Sp. Braga cresceu, com Esgaio em alta rotação.

No reatamento do jogo, já com os ânimos refreados, o Sp. Braga manteve a iniciativa, com o Sporting a tentar gerir as expectativas, ciente de que o empate hipotecaria quaisquer possibilidades de manter o contacto com a liderança, tendo como única vantagem impedir que o adversário se intrometesse na questão do pódio.

A verdade é que, exceptuando um remate de Bruno Fernandes e outro de Rúben Ribeiro, já dentro dos 20 minutos finais, a produção da equipa de Jorge Jesus deixou muito a desejar. Indiferente às ambições sportinguistas, o Sp. Braga continuou a pressionar, justificando as seis vitórias consecutivas no campeonato. Paulinho forçou Coentrão a um desvio de último recurso logo a abrir a segunda parte, tendo André Horta colocado Rui Patrício em sentido.

Com uma postura mais passiva e com dez unidades por expulsão de Piccini, nos minutos finais, o Sporting caiu na armadilha, vendo-se superado num lance em que o VAR confirmaria a legalidade do cabeceamento de Raúl Silva, após livre indirecto (87’), que deixa o Sporting a pelo menos seis pontos da liderança e praticamente fora da corrida do título.

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