Não acontece todos os anos, mas também não é assim tão raro chegarmos ao último terço do campeonato e ver os três primeiros separados por tão poucos pontos. Desde o início da época que existe, com algumas flutuações, um equilíbrio no topo entre FC Porto, Benfica e Sporting e isso percebe-se pelos três jogos que já aconteceram no campeonato entre os três – foram três empates. Há 12 anos, no entanto, a luta era ainda mais abrangente, com uma diferença de quatro pontos entre o líder e o quinto classificado.

A época que se seguiu ao Euro 2004, com os estádios utilizados no torneio ainda a cheirarem a novos, foi uma das mais equilibradas e disputadas do século XXI. E à 24.ª jornada a luta não era a três, mas a cinco. Liderava o FC Porto, com 45 pontos, em igualdade pontual com o Benfica, o SP. Braga tinha 43, o Sporting 42 e o Boavista 41. Toda a gente perdia pontos neste campeonato, como se percebe, por exemplo pelo total de derrotas entre os três primeiros (13) – na presente edição são apenas duas, com os “dragões” ainda invictos e uma para “águias” e “leões”.

Com todos os seus problemas, e com o seu terceiro treinador da época (José Couceiro, que sucedeu a Fernández e Del Neri), o FC Porto ia-se mantendo na luta, ainda com uma boa base da equipa que vencera a Liga dos Campeões na época anterior, a par do Benfica do experiente italiano Giovanni Trapattoni. O Sp. Braga de Jesualdo, o Sporting de Peseiro e o Boavista de Pacheco andavam por perto, e, a duas jornadas do fim, “leões” e “águias” partilhavam a liderança, com o FC Porto a três pontos e o Sp. Braga a quatro. O “derby” de Lisboa foi favorável ao Benfica com o tal golo de Luisão ainda hoje contestado pelos “leões”, e os “encarnados” entraram na última jornada com o título praticamente nas mãos – foi o primeiro título dos “encarnados” na era Vieira.

Na época seguinte, também havia uma luta a quatro à 24.ª jornada, com cinco pontos de diferença entre o FC Porto (1.º) e Benfica (4.º), mas os portistas comandados por Co Adrianse, apenas tiveram um empate nas dez jornadas seguintes e sagraram-se campeões. Há menos tempo, em 2015-16, as distâncias eram curtas entre os três “grandes”. Liderava o Sporting na primeira época de Jorge Jesus, com 59 pontos, mais um que o Benfica de Rui Vitória e mais quatro que o FC Porto de Lopetegui. E foi precisamente na jornada 25 que tudo mudou. O Benfica venceu em Alvalade, o FC Porto perdeu em Braga. Até ao fim, e a luta passou a ser a dois, com o Benfica na liderança e o Sporting na perseguição. Ambos venceram as últimas nove jornadas e manteve a diferença, suficiente para se festejar o “tri” na Luz.

Discussão a dois em Itália

Se há liga na Europa que tem sido dominada por uma equipa é a Série A italiana. A Juventus ganhou os últimos seis campeonatos, quase sempre com grandes vantagens sobre a concorrência, mas esta época está a ser diferente. Não é a “vecchia signora” a liderar, mas o Nápoles, que já não é campeão desde os tempos de Maradona. À 26.ª jornada, a equipa de Maurizio Sarri lidera com quatro pontos de vantagem sobre a “Juve”, que tem menos um jogo, sendo que haverá um Juventus-Nápoles na 34.ª ronda – esta luta é apenas a dois, já que a Lazio, que segue em terceiro, tem menos 17 pontos que o líder.

Nas restantes “Big Five”, só em Espanha é que poderá haver uma relativa emoção. O Barcelona continua invencível em 26 jornadas, mas não consegue estar totalmente descansado porque o Atlético Madrid está cinco pontos atrás e neste fim-de-semana os “colchoneros” vão a Camp Nou.

Na Bundesliga alemã, é uma questão de tempo até o Bayern Munique garantir o título – com o pré-reformado Jupp Heynckes, os “bávaros” já levam 19 pontos de vantagem sobre o Borussia Dortmund. O mesmo acontece na Premier League, onde o Manchester City de Guardiola leva 16 pontos sobre o United de Mourinho. Na Ligue 1 francesa, tudo indica que o PSG vai recuperar o título perdido na última época para o Mónaco – os parisienses têm mais 14 pontos que a equipa de Leonardo Jardim.