As baixas têm feito mais mossa ao Sporting do que ao FC Porto

O quarto clássico da época entre os dois candidatos ao título será um embate de soluções alternativas. No jogo da reacção às lesões e aos castigos, os “leões” têm sofrido mais do que o rival.

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LUSA/MANUEL ARAÚJO

Depois do duelo desta noite (20h30, SP-TV1) ficam a faltar nove jornadas para a conclusão do campeonato, nove jornadas para FC Porto e Sporting confirmarem ou contrariarem o cenário que resultar da partida no Dragão: em caso de triunfo da equipa de Sérgio Conceição, passa a haver oito pontos de avanço para os “dragões”, que ficam igualmente com vantagem no confronto directo. Se for o Sporting a vencer, a diferença na classificação encurta-se para dois pontos, e até Maio tudo poderá acontecer. Em caso de empate, continuará a haver cinco pontos entre os dois rivais. E, claro, faltará saber o que fará amanhã o Benfica frente ao Marítimo.

Será o quarto duelo da temporada entre FC Porto e Sporting, e depois de logo à noite ainda vai ficar a faltar um jogo: os dois rivais ainda têm de se enfrentar em Alvalade para decidir a meia-final da Taça de Portugal (na primeira mão, os “dragões” venceram por 1-0). Esse foi o único “clássico” da época a ter um vencedor no tempo regulamentar, já que os outros dois terminaram empatados. Na primeira volta do campeonato houve 0-0 em Alvalade, e na meia-final da Taça da Liga repetiu-se o nulo — mas os “leões” ganharam nos penáltis.

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A temporada já vai com sete meses e as consequências do desgaste acumulado estão à vista em vários jogadores, tanto no FC Porto como no Sporting. Os “leões” já têm nas pernas um total de 44 partidas, no conjunto de todas as competições, contra 40 disputadas pelos “dragões”. Entre baixas mais ou menos prolongadas, há figuras que seriam protagonistas deste “clássico” mas que estão fora das opções dos treinadores. Porém, o desempenho das duas equipas mostra que as ausências por lesão têm feito mais mossa à equipa de Jorge Jesus do que à de Sérgio Conceição.

Nem Gelson, nem Bas Dost

Bas Dost é o nome mais sonante entre as baixas com que Jorge Jesus se debate. Pode dizer-se que há um pós-final da Taça da Liga, com o holandês a marcar presença em apenas três dos oito jogos disputados pelo Sporting neste período de quatro semanas e meia. Os “leões” averbaram cinco triunfos (três deles pela margem mínima), um empate e duas derrotas, com 12 golos marcados e oito sofridos. A última vez que Bas Dost esteve em campo foi frente ao Astana, na segunda mão dos 16 avos-de-final da Liga Europa, tendo cumprido os 90 minutos. Mas, no final, Jorge Jesus admitiria que manter o holandês em campo não foi a decisão mais acertada: “Devia ter tirado o Bas Dost, para o proteger, porque ele vem de uma paragem. Mas olho sempre o jogo para a frente. Acabei por dar cabo do Bas Dost, mas vamos ver o diagnóstico do doutor Varandas, ele sabe melhor do que eu.”

Sem Bas Dost, o técnico “leonino” tem recorrido a Doumbia, na maioria das vezes, mas também a Fredy Montero. Contudo, o colombiano tem estado aquém das expectativas e o marfinense terá disputado o jogo contra o Moreirense com limitações, devido a uma síndrome gripal que impediu outros jogadores de entrarem em campo (William Carvalho, Fábio Coentrão, Ristovski e João Palhinha). É possível que esta noite Jorge Jesus opte por Bruno Fernandes em terrenos mais adiantados ou pelo jovem Rafael Leão no apoio a Doumbia. E há também que ter em conta, obviamente, a ausência de Gelson Martins, por castigo. Apesar do recurso interposto pelo departamento jurídico dos “leões”, com o intuito de suspender os efeitos do cartão vermelho mostrado ao extremo na segunda-feira, é altamente improvável que Gelson esteja disponível. O que significa um duríssimo golpe na forma como os lisboetas conduzem o seu processo ofensivo.

O impacto das baixas no Sporting, de resto, já foi particularmente evidente na última partida, diante do Moreirense. Jorge Jesus foi obrigado a improvisar, sobretudo na defesa e no meio-campo, com os “leões” a obterem uma suada vitória, com um golo já no período de compensação. Sem William Carvalho, recorreu a Petrovic, mas o sérvio foi expulso (o reforço Misic jogou os últimos 20 minutos). Outro reforço, Lumor, continua a esperar pela estreia — mesmo que Jesus não tivesse um lateral esquerdo de raiz para jogar, a opção passou por Acuña, e em partidas anteriores já tinha recorrido a Bruno César. Sem Piccini e com Ristovski engripado, adaptou Battaglia ao lado direito da defesa.

Três sectores afectados

No FC Porto, Sérgio Conceição não trabalha com um cenário mais animador no que diz respeito a ausências importantes. E isso também se agravou no último mês: Aboubakar está fora há quatro semanas e Danilo não compete há mais de um mês, desde a partida na Taça da Liga, precisamente contra o Sporting. Apesar destas duas baixas sonantes, o rendimento dos “dragões” não sofreu oscilações significativas: desde que foi afastada na meia-final da Taça da Liga, a equipa de Sérgio Conceição obteve seis vitórias, um empate e uma derrota. A produção atacante ascendeu a 21 golos marcados, enquanto em termos defensivos houve oito golos sofridos a registar (incluindo o 0-5 contra o Liverpool, na primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões).

Sem Aboubakar, e apesar do atrito que em determinado momento houve com Sérgio Conceição, Soares emergiu como o substituto natural do camaronês. O brasileiro fez oito golos nos últimos seis jogos que disputou (aqui incluem-se os 45 minutos que serviram de conclusão ao Estoril-FC Porto), mas lesionou-se na coxa esquerda e teve de ser substituído na partida com o Portimonense. A protagonizar a temporada mais produtiva da carreira, Marega deverá ter um novo companheiro no ataque — resta saber sobre qual dos reforços de Inverno irá recair a escolha, se Gonçalo Paciência, resgatado do empréstimo do V. Setúbal, ou Majeed Waris, ex-Lorient.

Na defesa, a ausência do influente Alex Telles foi surpreendentemente colmatada, no último encontro, com a adaptação de Diogo Dalot. Já no meio-campo, e apesar da dor de cabeça que a ausência de Danilo poderia representar, Sérgio Conceição conseguiu que não fosse demasiado sentida pela equipa. Sérgio Oliveira, ao lado de Herrera, preencheu a vaga do internacional português e tem correspondido às expectativas, tendo marcado três golos.

 

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