AEK de Atenas pede suspensão imediata do campeonato grego

Clube solicita ao Governo que os jogos sejam travados até serem definidas sanções para partidas que envolvem violência por parte dos adeptos.

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Treinador do Olympiacos após ter sido atingido por objecto atirado das bancadas Reuters/INTIME

O AEK enviou, esta terça-feira, uma carta ao ministro adjunto dos desportos grego, Giorgos Vassiliadis, solicitando a suspensão da Liga grega de futebol, enquanto não estiverem definidas as sanções a aplicar nos jogos que foram marcados por violência entre adeptos.

Na carta em questão, os representantes do segundo classificado da prova denunciam "a necessidade de garantias legais no funcionamento do campeonato", acrescentando que os muitos processos pendentes “afectarão a formação da tabela classificativa na recta final" da competição. Apesar de não estarem implicitamente descritos na carta, há dois jogos de extrema importância para as contas do título: o primeiro é o derby entre o Olympiacos e o AEK, disputado a 4 de Fevereiro, na casa dos heptacampeões. Dezenas de fãs da equipa vermelha e branca entraram no terreno de jogo armados com barrotes e tochas, depois de os adversários marcarem o golo da vitória nos últimos minutos de jogo. A partida terminou aí, e os confrontos continuaram no terreno entre adeptos e polícia de choque.

Os organismos judiciais helénicos decidiram castigar o Olympiacos de forma pesada: perda de três pontos — a juntar aos três pontos subtraídos na derrota frente ao AEK —, multa de 90 mil euros e dois jogos à porta fechada. Como resposta, o Olympiacos apresentou um recurso à sentença judicial, suspendendo provisoriamente a aplicação das sanções.

PAOK–Olympiacos: o jogo da polémica

O segundo jogo visado implicitamente no documento enviado pelo AEK deveria ter sido disputado na tarde do passado domingo, dia 25 de Fevereiro, em Salónica. Durante o alinhamento das equipas no relvado do Estádio de Toumba, o treinador do Olympiacos, Óscar García, foi atingido por um rolo de papel que voava das bancadas. O incidente — que passou despercebido aos jogadores e a grande parte dos adeptos — ditou o adiamento da partida.

Incidente do clássico do passado domingo

PAOK acusa Óscar García de fingir lesão

Muita tinta tem corrido na imprensa grega, desde o incidente de domingo. O director de comunicação do PAOK, Kyriakos Kyriakos, afirma que na manhã do jogo os responsáveis do Olympiacos avisaram que “iriam sair do relvado ao mínimo incidente”, acrescentando que o emblema de Atenas já tinha veiculado a ideia de possíveis problemas “junto dos órgãos de comunicação social amigos”.

Óscar García foi levado a uma clínica privada em Salónica, onde ficou em observação. Cinco horas após ter dado entrada, o estabelecimento de saúde divulgou um relatório médico no qual afirmava que o técnico tinha “um edema no lábio superior” com “trauma da artéria mucosa”. O catalão também apresentou “náuseas, tonturas e dores no pescoço e maxilar”.

“Uma vez mais, a acção de uma pessoa, um idiota, pode significar que a corrida do título será decidida nos tribunais”, lamenta o ministro adjunto dos Desportos, Giorgos Vassiliadis. O PAOK agarra-se à esperança de que o diagnóstico do treinador — que não foi analisado pelo delegado médico do jogo nem por um hospital público, como ditam os regulamentos — não seja considerado válido e que o jogo seja, pelo menos, repetido. O Olympiacos pede que o emblema de Salónica seja punido com a perda dos três pontos e veja o seu estádio interditado.   

À saída do estádio — quase cinco horas após o início previsto da partida —, nenhum jogador quis prestar declarações à imprensa que aguardava pacientemente. O único a proferir breves palavras foi o treinador romeno do PAOK, Razvan Lucescu, ao repetir a palavra “covardes”.

O técnico da equipa de Atenas viu-se forçado a encerrar a sua conta no Twitter, possivelmente devido às milhares de mensagens que o acusam de ter fingido a lesão. Este incidente foi causado por um adepto prontamente identificado pelas autoridades helénicas. O homem tem 27 anos e será ouvido em tribunal no dia 28 de Fevereiro.

Qualquer que seja a decisão tomada pelos tribunais helénicos, esperam-se semanas de agitação junto dos três candidatos ao título e das instâncias desportivas gregas, que irão definir a classificação na recta final do campeonato, quando faltam sete jornadas para o fim da competição. 

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