Carlos Carreiras quer avançar com via exclusiva para autocarros na A5

O autarca de Cascais dirigiu críticas ao ministro das Infra-estruturas, Pedro Marques, pelo estado da Linha de Cascais.

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daniel rocha

O presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras, queixa-se da decadência da Linha de Cascais, que o “envergonha e preocupa”, apontando a “ferrovia debilitada” e “a rodovia no ponto de saturação” e culpa as décadas de desinvestimento. No artigo de opinião assinado no jornal i esta quarta-feira com o título "Pedro Marques: o ministro que assinou a certidão de óbito da Linha de Cascais", o autarca culpa todos os governos pelo estado de degradação, mas aponta o dedo ao actual ministro das Infra-estruturas, Pedro Marques, pela sua “inacção” e anuncia que está em cima da mesa a criação de uma linha de transporte público rodoviário na A5 com uma faixa de rodagem exclusiva.

Para além do estado da ferrovia, Carlos Carreiras destaca “a exaustão da A5, a mais movimentada autoestrada do país”. “Percebemos o quadro de total estrangulamento em que o eixo Cascais-Oeiras-Lisboa está metido”, continua.

“A Linha de Cascais é uma desgraça à espera de acontecer”, resume. “E se ainda nada de muito grave foi registado, ficamos a devê-lo aos extraordinários profissionais da CP e da EMEF que, literalmente, têm feito das tripas coração para que a Linha se mantenha em funcionamento com padrões de segurança vagamente europeus”, sublinha o autarca.

Em Março, o ministro das Infra-estruturas anunciou que o Governo vai tentar arranjar financiamento para a requalificação da Linha de Cascais no âmbito da reprogramação que está a ser feita no Portugal 2020.

No entanto, o autarca afirma não encontrar referências a esse pedido de financiamento. “O problema é quando começamos a procurar o cheque que paga trabalhos desta magnitude. Porque intervenções estruturais que resolvam, de uma vez por todas, os problemas da Linha de Cascais, podem oscilar entre os 250 e os 400 milhões de euros. Procurámos no Plano da Ferrovia 2020. Nada. Procuramos no Orçamento do Estado para 2018. Nada. Procuramos nos processos de candidatura a fundos comunitários. Nada. Lá também não mora a Linha de Cascais, porque, se morasse, os 25% da comparticipação nacional teriam de estar inscritos”, escreve.

“Prevê-se um investimento de 126 milhões de euros e nunca antes de 2021. A leitura destes mapas é muito simples: por 126 milhões de euros, o ministro Pedro Marques não só está a patrocinar operações de cosmética para a Linha de Cascais - comprando carruagens em segunda mão a Espanha - como só promete que as fará, na melhor das hipóteses, daqui a três anos”, acusa.

“A infraestrutura, que perdeu 20 milhões de passageiros nos últimos vinte anos, continuará a perder procura. Até se tornar irremediavelmente irrelevante. Pedro Marques não tem culpa do estado a que chegou a linha. Mas tem culpa de não a ter salvo enquanto podia e estavam criadas as condições para o fazer”, considera.

O autarca, no cargo desde 2011, adianta que “Cascais e Lisboa estão a trabalhar na mobilidade metropolitana. Com Fernando Medina, e em breve também com Isaltino Morais [presidente da Câmara de Oeiras], há uma equipa de autarcas prontos a encontrar alternativas à Linha de Cascais”. 

“Não me interessa se o problema da linha se resolva à esquerda ou à direita. Importa mesmo é que se resolva”, assevera Carlos Carreiras. “Qualquer proposta que Pedro Marques apresente para salvar a linha será bem-vinda e terá o meu apoio incondicional. Pelo mesmo caminho é que não pode ser. Pedro Marques e a sua política para Linha de Cascais há muito tempo que descarrilaram”, conclui.

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