Há cada vez mais assaltos a turistas no centro histórico do Porto

Vaga de assaltos a carros de turistas tem aumentado e os furtos também chegaram aos alojamentos locais. Residentes e proprietários de estabelecimentos turísticos dizem ser necessário maior policiamento.

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Os assaltos são mais frequentes desde o Verão passado Paulo Pimenta

Nas ruas que se desenrolam pela Sé do Porto abaixo, até à zona ribeirinha, multiplicam-se os alojamentos turísticos que ali se instalam pela “calma” característica à zona. No entanto, o crescente número de assaltos ameaça não só o negócio do turismo, mas também a segurança de residentes daquela parte da cidade e dos turistas, “as principais vítimas de assalto”. Na rua de Dom Hugo, que rodeia o Paço Episcopal, é frequente verem-se carros alugados por turistas estacionados, e são esses os mais assaltados, muito por causa das malas deixadas no interior das viaturas.

Estas ocorrências já não são novidade para os habitantes daquela zona mas o número de incidências tem vindo a aumentar desde o Verão passado, como diz Elizabete Maia, proprietária do alojamento turístico Arco Apartments, localizado nas Escadas das Verdades. A empresária conta que os assaltos acontecem “todos os dias”, o que faz com que exista “um sentimento de insegurança constante”. “Tenho de dizer aos meus clientes para tirarem rapidamente as malas do carro, o que, desde logo, faz com que se sintam desconfiados”, acrescenta. A situação já fez com que Elizabete tivesse que reembolsar clientes, e não só por causa dos furtos aos veículos alugados – já foram assaltados dois dos apartamentos do alojamento da empresária. O assalto a residências destinadas a turistas “nunca tinha acontecido antes”, o que tem gerado uma preocupação maior por parte de quem habita, trabalha ou visita o centro histórico do Porto.    

O mesmo aconteceu na madrugada da passada sexta-feira, dia 1 de Dezembro, a poucos metros do Arco Apartments. Um grupo de assaltantes surpreendeu os clientes que ainda estavam acordados nos espaços comuns da Manor House, e levaram, entre outros bens, “4 mil euros em material fotográfico e um computador”, conta Alexandre Melo, proprietário do estabelecimento de alojamento local. Como explica, os assaltantes entraram no espaço através de um andaime colocado numa das paredes da Capela das Verdades, que está a ser alvo de obras. Escalando-o, tiveram acesso ao jardim e às traseiras da Manor House.   

Os furtos são realizados por “grupos organizados de jovens”, conta Tiago Azevedo Fernandes, que mora nas proximidades da Sé. “Agora há assaltos à luz do dia, e os assaltantes passeiam-se com as malas e materiais roubados pela zona”. Apesar de não existirem registos de violência, as ocorrências foram comunicadas às autoridades. No entanto, os assaltantes continuam “impunes e a roubar”, sendo que “alguns são já conhecidos pela polícia e pelos próprios habitantes”, acusam comerciantes e moradores.

Tiago Fernandes considera que há pouco policiamento naquela área: “Não há polícias no Terreiro da Sé, nem no Barredo ou na Lada”, conta, acrescentando que, “muito esporadicamente, há polícias na Avenida Vímara Peres”. Fonte da Divisão de Turismo da PSP explica que “o défice de elementos” não permite que a Polícia de Turismo esteja frequentemente no local.

Tiago Azevedo Fernandes adianta ainda que são os residentes “a fazer vigilância e a avisar as autoridades quando se detectam suspeitos ou até quando os assaltantes estão em fuga”, principalmente de madrugada. Pelo que as autoridades explicaram ao portuense, durante a madrugada “há apenas um carro patrulha para todo o Centro Histórico, de São Lázaro até Cedofeita”.  

Contactado pelo PÚBLICO, o Comando Metropolitano do Porto da PSP diz não ter “dados que confirmem a informação veiculada” pelos residentes e empresários. A mesma fonte adianta que a PSP “está atenta e a trabalhar de forma a aumentar o sentimento de segurança dos cidadãos, assim como diminuir os índices de criminalidade". 

Texto editado por Ana Fernandes

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