Só três dos 76 árbitros ainda não pediram dispensa para jogos do fim-de-semana

A prometida greve dos árbitros deverá causar mossa na próxima jornada.

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Aguarda-se uma decisão do Conselho de Arbitragem sobre o pedido de dispensa dos árbitros Nuno Ferreira Santos

Queixas, denúncias e ameaças. Nas últimas semanas, o sector da arbitragem tem lamentado o clima de intimidação que sistematicamente se abate sobre os juízes e tem aberto a porta à possibilidade de uma greve. Depois de um primeiro recuo na intenções, essa paralisação poderá estar em vias de se tornar real já na próxima jornada do campeonato.

Dos 76 árbitros dos campeonatos profissionais de futebol, incluindo auxiliares e estagiários, apenas três não pediram dispensa dos jogos do fim-de-semana, das I e II Ligas, disse à Lusa fonte ligada à arbitragem.
Segundo a mesma fonte, estão a pedir "dispensas por falta de condições psicológicas para arbitrar os jogos".

Os pedidos de dispensa, que não foram apresentados com os 20 dias de antecedência previstos no regulamento, deverão agora ser analisados pelo Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

"Tendo em conta todo o apoio que a Federação e o seu Conselho de Arbitragem têm dados aos árbitros espera-se que aceitem e compreendam estas dispensas", referiu.

A mesma fonte esclarece "não se trata de uma greve, mas sim de um pedido de dispensa", previsto no regulamento.

O quadro das competições profissionais de futebol integra 22 árbitros, 44 assistentes e 10 estagiários.

O cenário de protesto já tinha sido ontem abordado por Luciano Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), que revelou ao site Maisfutebol ter recebido pedidos de dispensa de vários árbitros, tendo em vista a jornada da Liga do próximo fim-de-semana. Esta é, segundo o dirigente, uma reacção ao “clima de suspeição sobre os árbitros” que se vive na modalidade, em Portugal.

Parco em palavras, o líder da APAF prometeu uma tomada de posição do organismo para mais tarde e recusou-se a adiantar o número de pedidos de escusa. Ao que o PÚBLICO apurou, ontem eram entre quatro e seis os árbitros que tinham pedido para não serem nomeados na jornada que se segue, mas o número foi crescendo com a passagem das horas.

O Regulamento de Arbitragem (RA) não prevê que juízes de outra categoria possam apitar as competições organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP). No limite, se os efeitos da greve se confirmarem, a LPFP pode accionar o ponto 3 do artigo 9.º: “Podem igualmente arbitrar competições organizadas pela Liga os árbitros e árbitros assistentes inscritos em federações estrangeiras com as quais a FPF estabeleça contrato (...) desde que possuam categoria equivalente às referidas”.

Em Outubro, já tinha sido anunciada uma intenção de greve dos árbitros aos jogos da Taça da Liga, mas a paralisação acabou por ser desconvocada. É esse mesmo desfecho que os clubes esperam para o próximo fim-de-semana, ainda que António Salvador, presidente do Sp. Braga, admita que é necessário travar o clima de desconfiança que há muito se instalou.

“É preocupante e o que debatemos aqui é o estado actual do futebol português. O bom senso deve prevalecer — a APAF tem feito várias ameaças e o bom senso tem prevalecido. No futebol muitas vezes é preciso ter coragem. Depois destas ameaças, se há alguma paragem a ser feita, que a façam, mas que tenham coragem de parar os jogos dos três grandes”, atirou o dirigente, depois de uma reunião da maioria dos clubes profissionais na sede da LPFP, no Porto. com H.D.S.

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