O encontro dos “queridos inimigos”

Sporting e FC Porto defrontam-se neste domingo no primeiro duelo de candidatos da temporada. É provável que Bruno de Carvalho e Pinto da Costa estejam juntos na tribuna.

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HUGO CORREIA/Reuters

Quando se tornou presidente do Sporting em 2013, Bruno de Carvalho “comprou” várias guerras, uma delas com o FC Porto e com o seu presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa. Quatro anos e meio depois, é bem provável que os dois estejam lado a lado na tribunal presidencial de Alvalade para assistir ao Sporting-FC Porto deste domingo. Depois de anos de costas voltadas, os dois clubes defrontam-se num clima de tranquilidade entre ambos e já se sabe que o líder “leonino”, por força de um castigo federativo, não poderá ir para o banco de suplentes. Da parte do líder portista, se o colocarem na cadeira ao lado de Bruno de Carvalho, garantiram ao PÚBLICO que não irá pedir para trocar de lugar.

Mas o “clássico” de hoje é muito mais que um reencontro amigável, em dia de eleições autárquicas, entre os líderes de dois dos maiores clubes portugueses. É um encontro entre o primeiro e o segundo classificado da liga portuguesa, ambos invencíveis, separados por apenas dois pontos e ambos na ressaca de uma jornada europeia com sortes diferentes – o FC Porto triunfou no Mónaco, o Sporting vendeu cara a derrota ao Barcelona. E quando assim é, são três pontos que valem mais que três pontos. Os portistas podem reforçar a liderança, os “leões” podem isolar-se no topo, ou pode ficar tudo na mesma – e o Benfica, que terá nesta noite um jogo difícil com o Marítimo, estará atento.

Sporting e FC Porto tiveram abordagens diferentes à temporada em que, pelo menos na liga portuguesa estão quase a par. Jorge Jesus iniciou a sua terceira época em Alvalade, algo que não se via desde os tempos de Paulo Bento, e houve um reforço substancial das opções à sua disposição, desta vez feito de uma forma atempada e mais criteriosa. Quase todos os reforços da nova temporada encaixaram na equipa e têm-se revelado indiscutíveis mais-valias – Bruno Fernandes e Acuña, sobretudo, mas também Battaglia, Piccini e Fábio Coentrão.

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No Dragão, houve uma abordagem “low cost” para acabar com a seca de conquistas. Sérgio Conceição não seria a aposta mais óbvia para tentar conseguir o que Paulo Fonseca, Lopetegui e Nuno Espírito-Santo falharam, mas foi ele o escolhido por Pinto da Costa. No Dragão, o antigo internacional português confrontou-se com um cenário de austeridade e não teve qualquer margem para contratações – a única verdadeira contratação foi a de Vaná, que é o terceiro na hierarquia de guarda-redes. O que Conceição tem feito é construir sobre o que já existia e aproveitar alguns excedentários. Marega, Aboubakar e Ricardo Pereira são fixos no “onze” portista, depois do exílio por outras paragens.

Se as abordagens são opostas, o mesmo não se pode dizer dos treinadores. Tanto Conceição como Jesus são técnicos exuberantes, de personalidade forte, e que dizem o que pensam, e, para além do mais, são “velhos” conhecidos. Ambos coincidiram no Felgueiras de 1995-96, Jesus a estrear-se como treinador no primeiro escalão, Conceição um jovem extremo emprestado pelo FC Porto, talentoso mas com opinião própria – o agora técnico portista conta uma história de como Jesus o mandou treinar com os juniores depois de ter reclamado por ter de defender dois adversários no seu flanco. Mas Conceição considera Jesus como uma das suas inspirações e Jesus sempre acho que Conceição ia dar treinador. São amigos desde esses tempos do Felgueiras e há uma admiração profissional mútua. Hoje serão, tal como os presidentes, “queridos inimigos”.

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