Tranquilidade nos pés de Mathieu e Bruno Fernandes

Sexta vitória em seis jogos e liderança do campeonato para o Sporting, com grandes golos de fora da área frente ao Tondela e com Cristiano Ronaldo a assistir.

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LUSA/MÁRIO CRUZ

Nos anos que passou em Barcelona, Jérémy Mathieu, não deve ter marcado um único livre directo, pelo menos não enquanto estivesse em campo o pé esquerdo de um tal Lionel Messi. E o francês também não jogava assim tanto no Barcelona para sequer tentar uma bola parada de vez em quando. Em Alvalade é um indiscutível e neste sábado o seu pé esquerdo abriu caminho e o pé direito de Bruno Fernandes fez o resto no triunfo do Sporting, por 2-0, sobre o Tondela, prolongando o início perfeito na Liga dos “leões” para seis jornadas e garantindo mais uma semana na liderança. Se sozinhos ou acompanhados, tudo dependerá do que o FC Porto fizer em Vila do Conde.

Se o assunto for defesas-centrais a marcarem golos, os sportinguistas pensarão num nome acima de qualquer outro. André Cruz, um canhoto de excepção, marcou muitos e importantes golos na época em que o Sporting interrompeu o jejum de 18 anos sem títulos de campeão. Tal como o brasileiro, Mathieu também é um canhoto, o central que Jorge Jesus tanto queria para jogar do lado esquerdo do eixo, e já se sabia que ele era bom com os pés, mas neste sábado mostrou outra valência, a de marcador de livres, e logo numa equipa com tanta gente que tem mostrado competência nesse domínio — sobretudo Bruno Fernandes, mas esse não precisa de bolas paradas para dar espectáculo.

Já lá iremos ao pé esquerdo de Mathieu e ao pé direito de Bruno Fernandes. Esta era uma oportunidade do Sporting de igualar o arranque de 1993-94, em que só perdeu pontos à 7.ª jornada, e de Jorge Jesus continuar a ter o seu melhor início de sempre. Já o Tondela também tinha a sua própria história para escrever. A equipa de Pepa pode não ter assim tanta experiência de primeira divisão, mas tinha um registo de dois empates em dois jogos em Alvalade.

Se há algo que parece ser uma evidência é que, nesta temporada, o Sporting tem um plantel com profundidade suficiente para Jesus poder fazer rotação e, depois da vitória a meio da semana na Grécia, o técnico “leonino” mudou bastante. Deixou de fora Doumbia, Gelson, Battaglia e Jonathan, e lançou de início Bas Dost, Iuri Medeiros (estreia a titular), Alan Ruiz e Fábio Coentrão. E os “leões” não deixaram de dominar o jogo com intensidade frente a um adversário inofensivo durante 90 minutos.

O que quer que Pepa tivesse preparado para o jogo teve de repensar o plano porque o Sporting entrou cedo a ganhar. Logo aos 12’, os “leões” ganham um livre à entrada da área e, na zona de remate, juntam-se Bruno Fernandes e Mathieu. Fica parado o português, avança o francês e a bola só para no fundo da baliza. Não era o início do vendaval ofensivo que se vira no Pireu, mas uma exibição segura e autoritária à qual faltou uma expressão maior no marcador.

Outra coisa que também já se percebeu neste Sporting é que os planos alternativos também funcionam. Mesmo quando Bas Dost não factura, as bolas têm entrado. E o protagonista maior tem sido Bruno Fernandes, que não consegue marcar golos que não estejam carregados da chamada nota artística. Ora, aos 72’, o médio arrancou um enorme pontapé de fora da área que se transformou no seu sexto golo da época (quinto na Liga) e deixou o Sporting a salvo de aflições de última hora, que têm acontecido ultimamente com frequência.

Mesmo não sendo o resultado mais volumoso da época, foi das vitórias mais tranquilas e os mais de 40 mil adeptos em Alvalade — Cristiano Ronaldo incluído, ele que ainda cumpre castigo e não irá jogar neste fim-de-semana pelo Real Madrid — terão gostado do que viram.

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