JC Aragone, derrotado mas feliz

Norte-americano, que foi eliminado por Kevin Anderson no Open dos EUA, já superou obstáculos bem mais delicados na vida.

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Dos 42 tenistas norte-americanos que integram os quadros de singulares do Open dos EUA – um recorde no torneio desde 2004 – havia um nome que centrava as atenções no primeiro dia de prova: JC Aragone. O norte-americano de 22 anos ocupa o 534.º lugar do ranking e já é um vencedor: há cinco anos esteve em coma durante três semanas e, actualmente, sofre de diabetes, o que o obriga, por vezes, a levar injecções de insulina durante os encontros. Mesmo assim, fez parte dos Virginia Cavaliers que venceram o campeonato universitário dos EUA neste Verão e ganhou os três encontros do qualifying que o conduziram, nesta segunda-feira, ao court 5, onde defrontou Kevin Anderson.

Entre os 16 e os 18 anos, Juan Cruz Aragone não pegou numa raqueta, até que o seu estado de saúde melhorou. No entanto, não pode separar-se de um dispositivo cosido ao corpo que lhe dá – e, através de uma app, à família e à equipa técnica – informação em tempo real quanto aos níveis de açúcar no sangue. Confirmar esses valores durante as trocas de campo é, de resto, um procedimento habitual para o jogador.

A aposta de Brian Boland, treinador da equipa universitária da Virginia que o tinha visto jogar nos juniores, revelou-se fundamental. Não só, Aragone voltou a jogar um ténis competitivo, como o ingresso na universidade deu-lhe uma alternativa para o futuro. E no ano passado, já esteve em Nova Iorque... como estagiário da JP Morgan Chase.

Mas o sonho de jogar ténis profissional continua a falar mais alto. Na semana passada, Aragone regressou a Nova Iorque, ainda sem saber se ia entrar no qualifying do Open dos EUA, tornado realidade graças a uma desistência de última hora. Três encontros ganhos e cinco injecções de insulina depois, qualificou-se para o quadro principal. Diante de Anderson (32.º no ranking), só conseguiu ganhar sete jogos (6-3, 6-3 e 6-1), mas saiu do court, como sempre, “feliz por poder respirar”.

Um dos primeiros encontros a terminar no Billie Jean King Tennis Center confirmou a boa forma de Garbiñe Muguruza (3.ª), que eliminou Varvara Lepchenko (64.ª), por 6-0, 6-3. Foi apenas o terceiro encontro que a recém campeã de Wimbledon venceu em cinco presenças no Open dos EUA, mas nem por isso a espanhola deixa de figurar como uma das principais favoritas ao título.

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