Afinal, as duas horas na maratona podem não ser impossíveis

Kipchoge cumpriu os 42km em 2h00m25s numa prova realizada em Itália, em regime laboratorial.

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LUSA/NIKE / HANDOUT

O autodenominado “Projecto 2 horas” na maratona, patrocinado pela marca de equipamentos desportivos Nike, não atingiu o utópico objectivo a que se propunha, mas o resultado conseguido foi absolutamente fenomenal. No fim desta madrugada, em Monza, Itália, num circuito utilizado para a Fórmula 1, o campeão olímpico Eliud Kipchoge, talvez já o maior maratonista de todos os tempos, desfez o recorde oficial existente, ao terminar os clássicos 42.195m em 2h00m25s. O recorde oficial está na posse de outro queniano, Dennis Kimetto, estabelecido com 2h12m57s no percurso de Berlim, a 28 de Setembro de 2014.

A prova iniciou-se às 5h45 locais, portanto ainda de noite, com uma temperatura ideal. Lebres constantes e intermitentes seguiram os apenas três participantes, o eritreu Zersenay Tadese, recordista mundial da meia-maratona que tentaria guiar o protagonista principal, Eliud Kipchoge, pelo menos até meio da prova, e ainda o etíope Lelisa Desisa, medalha de prata nos últimos Mundiais.

O objectivo seria de fazer cada troço de 5 km em 14m13s. O primeiro deles foi corrido em 14m14s, os 10km passados em 28m21s e a meia-maratona em 59m57s, um tempo alucinante que, em meias-maratonas propriamente ditas, não mais de oito fundistas foram capazes de fazer neste ano. Tadese perdeu contacto com Kipchoge a seguir à metade da corrida e só na parte final o queniano perdeu um pouco as possibilidades de chegar à desejada 1h59m59s, apesar do esforço nos metros derradeiros, apoiado pelas lebres que haviam terminado o trabalho.

O resultado final não deverá ser homologado como recorde mundial, e nem se sabe se a organização tentará essa homologação. Mas mostra muita coisa. A parte óbvia é a excepcional qualidade de Eliud Kipchoge. A segunda questão prende-se com a artificialidade deste recorde, num tempo em que se fala tanto da revisão da lista de recordes oficiais, porque terão sido obtidos por meios “artificiais”.

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