Cartas ao director

Haja decoro político

 

A mais recente discussão política, refiro-me ao acordo social sobre o salário mínimo nacional (SMN), e a contrapartida para as empresas de descida na sua TSU, está a ter laivos indecorosos de um ponto de vista político. Do lado do governo, ouvimos o líder parlamentar do PS a atacar o PSD por não votar ao lado do governo, como se aquele partido fizesse parte da maioria parlamentar. César não criticou nem censurou ou responsabilizou os seus parceiros de governo, atacou a oposição do PSD, imagine-se a falta de decoro.

Por parte do PSD, é evidente que também não fica bem na fotografia, pois estes ajustes na TSU são uma matéria a que o governo do PSD não é estranho no passado recente. Custa pois agora compreender, se pensarmos no superior interesse da concertação social e da economia, como se pode recusar esta medida. Certo que a normalidade de subida do SMN costuma ser na lógica do aumento proporcional da produtividade, mas o governo resolveu pelo seu programa fazer do aumento do SMN um objectivo de dinamização da economia. Oxalá tenha razão, e as empresas pequenas e médias consigam aguentar estes encargos.

Manuel Martins, Cascais

 

TSU ou a ponta do iceberg

Está instalada a polémica em torno da ligeira descida da TSU negociada pelo Governo com o patronato como compensação pela actualização do salário mínimo. Como qualquer alteração do sistema fiscal, dada a curteza da manta esta medida tem os seus prós e os seus contras, existindo alguma dose de razão quer nos argumentos dos seus defensores quer nos dos seus opositores.

As razões de fundo para a sua rejeição parecem-me, no entanto, diversas das que têm vindo a ser adiantadas. A posição do PSD nada tem a ver com a substância da medida. É uma posição totalmente política com o objectivo de encostar a geringonça à berma da estrada. Não sendo bonito, faz parte infelizmente do jogo político.

A posição dos partidos à esquerda do PS tem a ver com mais profundas razões e implica maior meditação. A classificação simplista de políticas económicas de esquerda e de direita é uma falácia! A grande divisão das políticas económicas que acabam por determinar o tipo de sociedade em que vivemos é entre economias estatizadas/centralizadas e economias de mercado, com mais ou menos intervenção do Estado em termos regulamentares ou mais ou menos preocupações sociais. Isto para não falar em questões meramente políticas, de liberdades e Democracia.

Desde a sua fundação, o PS assumiu uma opção pelo modelo das democracias ocidentais e pela economia de mercado. Os partidos à esquerda do PS, o PCP de uma forma clara e coerente com a ideologia marxista-leninista e o Bloco de uma forma mais dúbia, têm uma opção pela estatização da economia. A questão que se coloca à geringonça é a de saber como atrair os investimentos que permitam maior crescimento económico e criação de emprego produtivo.

Hélder Pancada, Sobreda

 

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