Os Zlatans e os Bastians da Premier League

Enquanto o avançado sueco brilha, o médio alemão definha no Manchester United. A carreira não correu da mesma maneira aos jogadores que chegaram trintões à liga inglesa.

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Franck Fife/AFP

Há vários trintões no Manchester United, com vários graus de utilidade. Zlatan Ibrahimovic, uma das primeiras contratações de José Mourinho para os “red devils”, está no topo desta lista, e os seus golos têm alimentado a recuperação do United nas últimas semanas. Mourinho também vai dando que fazer a Michael Carrick (35 anos), Wayne Rooney (31) e Antonio Valência (31), mas não tem espaço para Bastian Schweinsteiger (32). Pensava-se que o alemão iria ter um lugar cativo no meio-campo, mas não o conseguiu com Van Gaal na época passada e muito menos com Mourinho nesta temporada.

Poucos jogadores da Premier League terão um currículo tão recheado como Schweinsteiger, e os nove milhões que o United pagou ao Bayern até pareciam uma pechincha por um jogador desta qualidade e experiência. Mas as lesões não o abandonaram durante a primeira época e foram mais as vezes em que ficou de fora do que as que jogou. Depois, veio Mourinho e com ele Pogba e Mkitharyan, e o médio germânico foi “banido” da primeira equipa — o treinador português colocou-o a treinar-se nas reservas e só o chamou para jogar quatro minutos num jogo da Taça da Liga.

Como Zlatan, há muitos jogadores que chegaram à Premier League depois dos 30 e ainda a tempo de brilhar. Alguns deles tiveram mesmo o período mais produtivo das suas carreiras como trintões na Liga inglesa. Edwin van der Sar, por exemplo, chegou à Premier League aos 30 anos pela porta pequena, depois de uma carreira irregular, com uma primeira fase de grande sucesso no Ajax e dois anos de sofrimento na Juventus — a equipa de Turim confiava tão pouco no holandês que foi contratar o então adolescente Buffon para a sua baliza.

O “keeper” holandês aterrou no Fulham com 30 anos e nove meses e renasceu. Quatro anos ao mais alto nível no clube londrino valeram-lhe uma transferência para o Manchester United em 2005, e foi com ele que Alex Ferguson tapou o buraco que tinha na baliza desde a saída de Peter Schmeichel. Van Der Sar agarrou o lugar aos 35 anos e só o largou aos 41, com quatro títulos da Premier League e uma Liga dos Campeões pelo meio.

 O alemão Jens Lehmann também foi outro trintão com grande longevidade na Premier League. Chegou ao Arsenal quase com 34 anos e ficou nos “gunners” cinco temporadas, sendo o guarda-redes da equipa dos “invencíveis” que dominou a Premier League em 2003-04, o último título de campeão conquistado pelos londrinos.

Claro que nem todos os guarda-redes trintões brilharam na Premier League. Na presente temporada, o Chelsea tem nos seus quadros o português Eduardo (34 anos), mas o antigo jogador do Sp. Braga está em Stamford Bridge como terceiro guarda-redes, atrás de Courtois e Begovic. Hilário tinha o mesmo estatuto no Chelsea, ao qual chegou aos 31, mas ainda conseguiu fazer alguns jogos (39 entre 2006 e 2014).

Ainda em Stamford Bridge, o italiano Gianfranco Zola só chegou aos “blues” de Londres com 30 anos, mas ainda foi a tempo de se tornar num dos jogadores mais carismáticos da história do clube. Depois de brilhar na Série A ao lado de Maradona, no Nápoles, e de ter estado nos melhores anos do Parma, o pequeno avançado italiano tornou-se na grande figura do Chelsea nos anos 1990, abandonando o clube pouco tempo antes de Roman Abramovich tomar conta do clube.

Zola ficou sete anos no Chelsea e tornou-se um símbolo. Na mesma altura chegou Ruud Gullit, com 33 anos, e o holandês acabou por ser mais que um jogador. Gullit passou a jogador-treinador em 1996, sendo o primeiro holandês a dirigir uma equipa na Premier League. Bem menos tempo passou Jurgen Klinsmann no Tottenham. O itinerante avançado alemão chegou aos “spurs” em 1994, poucos dias depois de cumprir 30 anos, fez uma época de 30 golos e seguiu viagem para o Bayern Munique — Klinsmann ainda voltou a Londres para meia temporada em 1997, mas menos produtivo.

Uma lista de estreantes tardios na Premier League tem forçosamente de incluir Wes Morgan, defesa-central e capitão do Leicester, fundamental na surpreendente conquista da Premier League em 2016. Morgan, inglês de nascimento e jamaicano de filiação futebolística, fez toda a sua carreira no secundário Nottingham Forest e só se estreou em 2014 na Premier League, com o Leicester. Claudio Ranieri já o comparou a Balu, personagem de O Livro da Selva. “É um urso grande e gentil que toma conta dos rapazes. Não fala muito, mas, quando fala, toda a gente ouve. É o capitão perfeito.”     

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